Discurso do Líder do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, na ocasião do Dia dos Feridos, na quinta feira dia 18 de março de 2021
Redação do site
A situação libanesa local ocupou a maior parte do discurso do Secretário-Geral do Hezbollah, proferido por ocasião da comemoração do Dia dos Feridos e Incapacitados do grupo da Resistência, estabelecido no dia da celebração do nascimento de Abbas(as) , o irmão do Imã Hussein(as) , no dia 3 do mês de Chaaban.
O país atravessa os momentos mais críticos, dada a crise econômica pontuada, por uma forte desvalorização da moeda nacional libanesa que atingiu 15 mil lira, nos últimos dias, em relação ao dólar norte-americano, frisou Hassan Nasrallah, no entanto, devemos evitar a todo custo arrastar o país para uma guerra civil.
Segundo ele, alguns protagonistas internos e externos estão empurrando a situação para litígios internos no Líbano, como no Afeganistão e no Iêmen. « Razão pela qual devemos nos armar com razão e sabedoria », aconselhou.
“Não é verdade que nao podera’ haver uma guerra civil porque o Hezbollah é o único que tem armas. Uma guerra civil não precisa de mísseis de precisão, basta ter armamentos leves, Kalashnikovs, antiaéreos. E todas as regiões têm essas armas em casa”, ressaltou.
Para aqueles que apelaram ao Hezbollah para investir seu poder na formação de um governo pela força, Nasrallah declarou, que isso causaria uma guerra civil inevitável. « De jeito nenhum, o Hezbollah, usaria suas armas para resolver a atual crise no Líbano ».
Nomeado desde setembro passado, Saad Hariri, o Primeiro Ministro encarregado da formação do gabinete ministerial ainda não o formou, devido à sua recusa em respeitar as prerrogativas do Presidente da República que tem o direito de nomear alguns ministros.
Além disso, o chefe do Hezbollah indicou que é necessário fazer um bom diagnóstico sobre as reais causas da crise libanesa para chegar a determinar as soluções adequadas. Acusando certos protagonistas internos de quererem explorar a crise para enfraquecer seus rivais internos.
O fato de a formação de um gabinete ministerial levar vários meses, ilustra, segundo ele, uma crise constitucional que exige solução.
Depois de analisar as causas internas da crise, como a corrupção endêmica que assola o setor público, o desperdício e o esbanjamento de dinheiro público, o movimento de protesto que eclodiu no final de 2019, bem como as deficiências do regime político no Líbano, Nasrallah listou algumas causas externas. Incluindo entre outras, as guerras israelenses que destruíram o Líbano em várias ocasiões, o projeto americano na região desde a invasão do Iraque em 2003, a guerra mundial infligida ao país sírio e que tem repercussão por proibir o comércio do Líbano com a Síria, e a presença dos refugiados sírios, além da pressão americana sobre o Líbano.
Sayed Nasrallah insistiu que aqueles que querem culpar o Hezbollah pela crise no Líbano estão cometendo um grande erro.
« Posso admitir que somos culpados por parte disso, mas, na verdade, tudo isso é injustiça », declarou. As soluções segundo ele passam pela resolução dessas causas ou pela superação delas.
Alertando, no entanto, sobre duas coisas: desespero e ilusão.
“Não devemos espalhar o desespero entre as pessoas, nem banhá-las na ilusão de que a formação do governo resolverá todos os problemas”.
Continuando: “A formação do governo é o primeiro passo em um longo caminho. Se a situação continuar como está, mesmo que o Líbano obtenha empréstimos, de novo serão desperdiçados e confiscados como os empréstimos contraídos no passado. O Líbano só sairá mais endividado. É uma situação que terá de ser resolvida como um todo”.
Falando ao Primeiro-Ministro designado, Sayed perguntou se o governo de tecnocratas e especialistas que eles pretendem formar e presidir terá estatura para enfrentar os desafios que surgirão quando as instituições internacionais impuserem medidas ao Líbano. Severa austeridade que o povo libanês não será capaz de aceitar quando tiver que tomar decisões.
Nasrallah sugeriu a formação de um governo político e especialistas representando todas as formações políticas libanesas, onde todos terão que assumir as suas responsabilidades onde as decisões serão tomadas aceitas. Assegurando repetidamente que se Hariri chegar a um acordo com o chefe de estado, o Hezbollah apoiará os termos do acordo.
Sayed Nasrallah reiterou sua proposta de tomar as decisões que salvarão o Líbano, que foram mencionados em discursos anteriores. Incluindo o recurso à China, que manifestou vontade de investir no Líbano 12 bilhões de dólares, à Rússia e ao Irão que se dispõe a vender para o Líbano derivados de petróleo em liras libanesas.
« O Líbano está proibido de importar moedas nacionais porque os Estados Unidos impoem sanções se o caso foi feito », abordou, e os americanos planejam empobrecer ainda mais o país e matar-lo de fome para dobrar e introduzir-lo no eixo americano-israelense.
“Mas não vamos deixá-los fazer isso! Se for necessário negociar com a China, nós o faremos, se for necessário importar do Irã, nós o faremos. Não vamos deixar o povo libanês morrer de fome”, disse ele.
Ele também propôs reunir todas as forças políticas e blocos parlamentares para consultar uns aos outros sobre as escolhas a serem seguidas e para que todos investissem seus poderes e suas relações externas para o benefício do estado.
Se a crise da formação do governo continuar, Nasrallah propôs reativar o atual governo renunciante e instou o diretor do Banco Central Libanês a assumir suas responsabilidades e obrigações de salvar a lira libanesa.
Dirigindo-se aos jovens que bloquearam estradas nos últimos dias, assegurou-lhes que as suas ações só agravam a crise, por acreditar que não apresentam o povo libanês. « Ao contrário, estes manifestantes prejudicam os libaneses por horas intermináveis afetando o dia dia do povo ».
Sayed os acusou de servir às agendas de embaixadas estrangeiras conspirando contra o Líbano e pediu ao Exército Libanês que os impedisse de bloquear estradas.
Em declarações aos libaneses, disse: “Peço-lhes sempre que tenham paciência, pedindo isso mais uma vez. Mas eu sou um daqueles que estou farto de mim mesmo ”, disse ele, apontando para o nariz. Ilustrando sua exasperação.
No final de seu discurso, Sayed Nasrallah respondeu às acusações que se espalharam recentemente nas redes sociais, criticando o fato de os funcionários do Hezbollah recebem seus salários em dólares. Ele garantiu que eles constituem uma pequena minoria, enquanto « a maior parte da força de trabalho do Hezbollah são voluntários que pagam de seus proprios bolsos ».
No entanto, o chefe revelou que o Hezbollah criará um fundo de ajuda para que seus funcionários que recebam em dólares possam doar aos mais necessitados.
E, por fim, advertiu que, caso a crise persista e as instituições do Estado deixem de assumir suas responsabilidades, o Hezbollah não ficará de braços cruzados. “O nosso partido tem uma gama de alternativas fora das instituições estatais que revelaremos quando chegar o momento certo”, concluiu.
Os principais temas do discurso
Nessas últimas semanas, devido ao vírus corona e outras doenças, perdemos alguns de nossos irmãos resistentes que nos acompanhavam desde 1982, e dois irmãos mais velhos, sua eminência Sheikh Ahmad Zein e o irmão Anis Naccache.
Devo me dirigir a suas famílias, parentes e amigos para oferecer minhas condolências e cada um deles merece um discurso à parte, espero proferi-lo um dia.
Eu o parabenizo pelo advento do mês de Chaaban, uma história que também inclui várias cerimônias, o nascimento do Imam Hussein(as) , de Abbas(as) , do Imam Zein al-Abidine(as) , de Ali al-Akbar e do ‘Imam al-Mahdi(as) .
Observe que as grandes figuras de Achoura nasceram durante este mês, além do nascimento do grande salvador Imam Mahdi(as) . O que ilustra a ligação entre eles.
Nós do Hezbollah escolhemos a comemoração do nascimento de Abbas como o dia dos feridos e mutilados da resistência.
Em relação ao nascimento do Abbas(as) , este Imam foi designado como símbolo dos feridos e mutilados, pois foi gravemente ferido durante a batalha de Karbala, teve seus braços amputados, perdendo os olhos, lutou muito até sua morte, mas em nenhum momento pensou em desistir da luta na batalha, pois já conhecia toda a verdade sobra a batalha, que é uma batalha entre o certo e o errado, entre o opressor e o oprimido, e ele tomou sua decisão de lutar até o seu martírio. Ele resistiu até a última gota do seu sangue. Por isso, Abbas é considerado também o símbolo do sacrifício e da sagacidade.
O mesmo vale para os feridos e deficientes na resistência que, apesar das mutilações que sofreram, voltaram diretamente para a ação da resistência ou para outras obras e atividades do Hezbollah.
A verdade sobre os grupos takfiristas e seu patrocinador
Primeiro: Em relação aos takfiristas, dia após dia, se revela a verdade sobre a identidade desses grupos e principalmente daqueles que os comandam e protegem. É preciso levar em consideração o que os irmãos iemenitas revelaram recentemente: que o chefe da CIA estava pessoalmente interessado em que um líder da Al-Qaeda fosse libertado e entregue ao seu grupo para que continuasse seus ataques e depois seria liquidado quando não houvesse mais necessidade da sua presença.
Novos documentos indicam que o serviço da inteligência dos EUA recrutou os presos em campos no Iraque onde formaram a frente Al-Nusra que rompeu com a organização do ISIS no Iraque e no Levante, e agora, esta nova organização conseguiu libertar alguns de seus líderes dos campos curdos das Forças Democráticas da Síria para enviá-los ao Iraque e ao Badiyat de Cham.
Estes grupos não representam o Islã. Criam leis e regras próprios, pois são takfiristas armados, comandados e financiados pela inteligência americana para destruir os povos e consolidar o controle sobre nós na região para que Israel se torne o refúgio.
Não devemos ir para a guerra civil
Segundo: Sobre a questão nacional:
O Líbano está no centro de uma crise real, econômica, vital, financeira, política, e de turbulências do regime político. Certamente é necessário expressar o sofrimento e a raiva sem esquecer que é preciso se atuar com razão e sabedoria. Certas atitudes não são úteis e nem chegam à toa. Não devemos paralisar nossa razão e devemos nos comportar com responsabilidade.
Devemos colocar um limite nas táticas de pressão, o que alguns não fizeram. Um desses limites é não ir para a guerra civil ou conflitos armados. Alguns trabalham para isso, como o que aconteceu no Iraque, na Síria, no Iêmen, no Afeganistão e tentaram no Irã, mas não tiveram sucesso. Isso é igual em todos os lados.
Quando não conseguem resistir, querem recorrer a esta escolha, e nos últimos anos, tentaram, mas falharam.
Quaisquer que sejam as razões econômicas, ou escassez de produtos alimentares, ninguém pode empurrar as coisas para uma guerra civil. Isso é perigoso, pois uma guerra civil não precisa de mísseis precisos, apenas com Kalashnikovs e antiaéreos, e isso é encontrado entre na maioria dos libaneses, e podemos observar durante um funeral como essas armas aparecem.
Alguns empurram as coisas para a guerra, protagonistas externos e internos buscam o combustível para estourar. Até agora a maturidade do libanês, sua paciência e sua disciplina impediram isso.
Nesse contexto, atitudes irresponsáveis pedem que o Hezbollah forme o governo pela força. Isso não pode acontecer, pois leva a uma guerra civil. Não há dúvida de que o Hezbollah nao recorrerá às armas para a formação de um governo.
O diagnóstico correto das causas para encontrar as soluções certas
Terceiro, precisamos de calma para diagnosticar nossos problemas a fim de resolvê-los bem. Um mal diagnóstico gera um mau remédio. Presumir causas errôneas levará a tratamentos errôneos.
Às vezes, abordamos a crise porque queremos encontrar uma solução. Outra vez é explorar para superar e enfraquecer os rivais locais.
Toda vez que temos que prosseguir com a formação do governo, precisamos de muito tempo, pois enfrentamos os obstáculos da natureza política. As causas do problema estão nas políticas monetárias seguidas, a paralisação de setores produtivos como os dois principais setores agrícola e industrial, o fato de ter apostado no compromisso nos anos 90, a política de superendividamento e juros, a corrupção e o esbanjamento de dinheiro público, além dos conflitos sectários e comunitários, a crise do regime, junto com as guerras de Israel contra o Líbano antes de 1982 até 2006 e a ocupação do Sul, também fazem parte das causas da crise. Contudo, eles querem culpar a resistência, que lutou contra o inimigo e jogar a causa da crise nas suas costas.
Isso é uma injustiça.
Há também o projeto dos EUA e seus aliados (Arábia saudita e Turquia) no Oriente Médio e as guerras sucessivas desde 2003 em toda a região e no Líbano, além da guerra mundial contra a Síria.
Temos mais outras causas da crise nacional. Podemos citar: As fronteiras terrestres com a Síria foram fechadas e isso teve repercussões no Líbano, pois as relações foram rompidas com o país vizinho, o advento de refugiados sírios que são bem-vindos, a exfiltração de fundos nacionais para o exterior e o bloqueio de depósitos bancários do povo, além da explosão do porto, protestos ocorrido no final de 2019 que foram controlados remotamente pelos EUA além de lacunas no regime político e dificuldades em resolve- lós.
Imagine o clamor quando pedimos o levantamento da imunidade dos suspeitos da corrupção, embora disséssemos que todas as comunidades seriam afetadas.
As pressões americanas sobre o Líbano são vinculadas ao dólar e suas proibições de outros países ajudarem o Líbano, fato que assusta os libaneses e aumenta a confusão em fazer certas escolhas econômicas. Com isso tudo, existe outras causas por trás desta crise.
Culpar o Hezbollah é uma injustiça
Alguns estão explorando a crise para atacar o Hezbollah atribuindo a ele a crise econômica para que ele entregue suas armas.
É injustiça, desinformação.
Eles querem colocar toda a responsabilidade pela crise em um único protagonista. Acusar o Hezbollah por roubos, paralisia dos setores econômico, agrícola e industrial, além dos planos bancários.
É uma injustiça acusar o Hezbollah.
Para soluções, será necessário resolver as causas ou superá-las. Enquanto houver corrupção, desperdício e má gestão, ausência de planos de curto, médio e longo prazo; enquanto não reativarmos o setor industrial em vez de vivermos de ajudas e dívidas, sem esquecer as carências políticas, não haverá solução.
Nem desespero nem ilusões
Quarto: Em relação às soluções, devemos prestar atenção a dois limites: primeiro, o desespero. Não devemos espalhar o desespero na população, embora a situação seja realmente muito difícil.
O segundo, que não devemos fazer as pessoas viverem na ilusão de soluções para chegar a uma crise que já se arrasta há várias décadas e que não pode ser resolvida em um ou dois anos.
Nem devemos simplificar as coisas dizendo às pessoas que a solução está na formação do governo; este é o primeiro passo em uma longa jornada para encontrar as outras soluções.
Para isso é preciso de iniciativas de grande envergadura: Travar as dívidas, lutar contra a corrupção, a auditoria criminal é imprescindível. Pois se não haverá soluções reais nos setores administrativos e jurídicos, nenhum plano vai adiantar em nada e os roubos permanecerão e só ficaremos mais endividados como no passado.
É uma situação global para a qual será necessário encontrar soluções.
O governo tecnocrático terá estatura?
A formação do governo enfrenta sérios desafios. Após a renúncia do atual governo e as dificuldades encontradas na nomeação do atual chefe de gabinete, surgiu a iniciativa francesa de um governo de especialistas.
A minha pergunta ao Primeiro-Ministro indigitado: Será que o governo que vai se formar terá a estatura necessária para assumir o comando de missões desta envergadura e dar passos importantes como ir à China, que se disse pronto a investir no país. Temos que ter certeza disso, pois muitas autoridades têm receio de ir para a China por medo dos Estados Unidos. Principalmente porque agora a administração americana estabeleceu para si a mesma a meta da China. Isso é verdade. Lembramos como Netanyahu foi repreendido por Pompeo porque trabalhava com a China. É o mesmo com o ex-primeiro-ministro iraquiano. (Adel Abdel Mahdi, nota do editor)
Até quando teremos medo?
Podemos ir para a Rússia para investimentos. E ao Irã, que está pronto para nos ajudar e nos vender combustível em moeda nacional. Pois os bancos não podem importar em liras libanesas porque os EUA vão impor sanções.
Eles querem o nosso sofrimento de pobreza e fome, que morramos de fome, mas vamos morrer de fome e não vamos nos curvar, e não vamos nos dobrar para fazer parte do eixo EUA-Israel.
Eles apostam no FMI, portanto, dívidas que vão se acumulando se o governo não souber negociar com o FMI sobre os empréstimos.
Dois pontos de vista sobre este assunto: Qualquer pessoa que queira discutir os termos do empréstimo. Se o FMI propõe remover o apoio a produtos alimentícios básicos, hidrocarbonetos entre outros, isso levará a um aumento nos preços. O povo libanês pode suportar isso? FMI vai propor a liberação da taxa de câmbio que ficará sujeita ao mercado e às flutuações internas e externas como aconteceu nos últimos dias. Será que os libaneses vão conseguir suportar?
Outra proposta é a redução do número de funcionários no setor público e no exército e forças de segurança e jogar milhares nas ruas.
O governo especializado pode apoiar tais decisões e persuadir as pessoas a fazê-lo? Ele tem estatura para fazer isso?
Faça um governo com forças políticas
Aconselho o Primeiro-Ministro indigitado a não perder tempo com a formação de um governo que em breve as pessoas vão voltar a protestar, e não poderemos impedir-lós de voltarem as ruas.
Você precisa de um governo que possa carregar esse fardo com você.
Chame as forças políticas que podem dividir a responsabilidade contigo e não permita que ninguém se esquive da responsabilidade. Deixe que eles venham e carreguem parte do fardo e protejam as decisões que serão tomadas.
Devemos tomar medidas para proteger os interesses do nosso povo. Um governo formado exclusivamente por especialistas, não vai resistir. Temos que formar um governo com partidos políticos para que todos se responsabilizem pela crise.
Forças políticas e econômicas devem ajudar a resolver a crise
Além disso, as forças políticas e os blocos parlamentares devem liderar as negociações para chegar a um acordo sobre as escolhas a serem feitas.
Devemos convidar todas as forças políticas a usar todos os meios internos ao seu dispor e investir nas suas relações externas para sair da crise.
Os líderes, os gigantes do dinheiro, vocês devem ajudar seu país, sua região, sua comunidade, seu distrito eleitoral.
Aqueles que têm relações com determinados países devem aproveitar isso para salvar a situação.
Estou pronto para falar com as autoridades iranianas e já o fiz. Temos um amigo chamado Irã que está disposto a nos vender os derivados de petróleo e combustível e outros produtos em libras libanesas. Isso vai economizar bilhões para o fundo libanês e vai ajudar a baixar a taxa do dólar.
Duas soluções para a crise do governo
Quinto: Se a crise continua na formação do governo, temos duas soluções.
Em primeiro lugar, para aqueles que pressionam o Hezbollah para fazer algo, saibam que o nosso partido já fez o que deve fazer e fará o que consegue. Mas não pode fazer mais, pois não tem um bastão mágico.
Existem, portanto, duas soluções:
Reative o governo demitido. Vimos como a situação se deteriorou nos últimos dias. O primeiro-ministro Hassan Diab é uma figura nacionalista e deve assumir suas responsabilidades e usar suas prerrogativas e não desistir.
Neste país não há funcionários prontos para assumir suas responsabilidades e as pessoas estão abandonadas à própria sorte diante das pressões da crise.
Hassan Diab deve assumir essa responsabilidade e fazer o máximo.
A segunda solução é encontrar uma saída constitucional para as coisas serem resolvidas de verdade e não é apenas devido à situação atual. Dado que a formação do governo deve ser feita com base no acordo entre o Chefe de Estado e o Primeiro-Ministro, às vezes há bloqueios no caminho.
Temos que buscar uma solução constitucional precisa que leve em conta o equilíbrio da comunidade. Hezbollah tem uma série de ideias que precisam ser discutidas.
Dólar em alta: o governador BDL responsável
Sexto: A respeito da alta do dólar. Todas as pessoas sabem como é. No final, é o presidente do Banque du Liban, Riad Saleme, quem assume total responsabilidade pela preservação do valor da moeda nacional. Saleme não quer fazer isso mesmo que isto possa salvar a lira, e deve uma explicação para o povo libanês. Contudo, se não vai resolver o problema e controlar a inflação, pode desistir do seu cargo.
Saleme é parte da guerra cujos objetivos ele não conhece.
Sétimo: À luz de tudo isso que está acontecendo, as pessoas tem o direito de expressar sua raiva e protestar. Mas aqueles que o fazem bloqueando estradas devem saber que não é assim que as coisas podem ser resolvidas. Pelo contrário, agravam ainda mais a situação.
Além disso, estes manifestantes não representam o povo libanês. São alguns jovens que vão às ruas e incendeiam pneus, agravando crise, bloqueando estradas e dificultam os movimentos das pessoas. Eles praticam atos suspeitos e perigosos ao país.
Eu gostaria de dizer a eles: Vocês colocam o país à beira da guerra fratricida, humilhando as pessoas, situação que é inadmissível. Assim, vocês agravam a crise fazendo parte de uma guerra da quais vocês não conhecem os seus reais objetivos.
Pensando que está fazendo uma pressão como essa, vocês estão totalmente errados e não chegam a resolver problema nenhum.
Peço as pessoas a serem pacientes neste situações, mas sou um daqueles cuja a paciência chegou a este ponto (apontando para o nariz, um sinal de exasperação, nota do editor).
No exército: pare a conspiração das embaixadas
É dever dos militares evitar o bloqueio das estradas sem abrir fogo. Se as embaixadas pedem que isso aconteça, há uma suspeita de uma conspiração.
Aos funcionários do Hezbollah pagos em dólares
Ultimamente, em relação ao Hezbollah, as pessoas andam discutindo assuntos sobre o recebimento dos funcionários do nosso partido em dólares. Saiba que no Hezbollah existem pessoas que trabalham sem receber salário. Eles constituem 80% ao total. São as forças de mobilização e voluntários. Eles pagam do próprio bolso até para ir a frente da batalha.
Uma grande parte é voluntária e por isso foram impactados pela crise.
E tem essa categoria que recebe em dólares, as pessoas zombaram do salário por alguns anos, contando você vai para a linha de frente em troca de $ 400 ou $ 500. Eles viviam com o mínimo necessário e agora, devido a circunstâncias além de seu controle, sua situação melhorou. Agora eles estão conseguindo pagar suas dívidas e suas antigas obrigações. Além disso, muitos fazem trabalhos comunitários ajudando os outros e pagando parte dos seus salários por vontade própria.
Aos que recebem em dólares, peço que tomem a iniciativa de ajudar seus entes queridos, mas também seus vizinhos todos os meses. E vamos criar um fundo interno para quem quer ajudar as famílias mais necessitadas.
Se a crise continuar, temos alternativas.
Última palavra: Essa situação deve ser resolvida nas instituições do Estado e de acordo com as obrigações de cada um.
Não abandonaremos nossas responsabilidades como sempre prometemos. Temos várias opções em mente e, quando chegar a hora, tomaremos as medidas necessárias para salvar nosso povo e nosso país, mas agora nao vou falar disso.
FIM
Source: Al-Manar