Discurso do Secretario Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, por ocasião da homenagem do martírio de Abbas Al-Yatama , na noite de domingo dia 22 de agosto de 2021.
Redação do site
O Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, anunciou no domingo, 22 de agosto, a partida de um segundo navio carregado com combustível do Irã que chegara « nos próximos dias » no Líbano.
Em discurso por ocasião da solenidade do martírio de Abbas Al-Yatama, vulgo “Abu Maytham”, quadro militar da Resistência, o Secretário-Geral afirmou :“que não há nada chamado de sanções internacionais. As sanções atuais são americanas. Mas alguns temem mais os Estados Unidos do que Deus”.
“Os Estados Unidos pensaram que não íamos importar combustíveis do Irã, ato que os deixou surpresos quando foi feito. O processo demorou um pouco e estávamos esperando para ver como evoluiria a situação no Líbano. No décimo dia da Ashoura (quinta-feira passada), anunciei a saída do primeiro navio dentro de algumas horas. Neste momento, o navio já está a caminho”, afirmou o número um do Hezbollah.
“Estou anunciando hoje: Um segundo navio partirá nos próximos dias e outros o seguirão. Essas quantidades de petróleo serão destinadas a todos os libaneses e residentes, não apenas ao publico do Hezbollah ou aos muçulmanos xiitas. Aviso que não estamos almejando a substituição do Estado”, disse Sayed Nasrallah.
“Queremos quebrar o mercado negro e preços desumanos. Queremos aliviar o sofrimento das pessoas. E queremos ajudar em todos os níveis possíveis. Continuaremos exigindo que o estado forme um governo, controle o contrabando e o mercado”, acrescentou o chefe do Hezbollah.
“Os grileiros são traficantes que exercem monopólio e devem ser presos e jogados na prisão, » frisou.
Conversa com Damasco
Poucas horas depois do discurso do Sayed Nasrallah na quinta-feira passada, a Embaixadora dos Estados Unidos no Líbano, Dorothy Shea, informou à presidência libanesa que a administração americana aprovou um projeto que forneceria eletricidade ao Líbano, em particular via Síria.
O chefe do Hezbollah interpretou a proposta dos EUA como « uma redução nas sanções dos EUA sob a lei de César, pois este projeto envolve discussões com as autoridades na Síria ».
“Todos que desejam ajudar o Líbano são bem-vindos. Mas tem que ser feito nas regras, será necessário ir à Síria com uma delegação oficial e dialogar oficialmente. Em todo caso, até então, é apenas uma questão de palavras ».
Sayed Nasrallah, por outro lado, indicou que: “A declaração do embaixador americano sobre os projetos aos quais os Estados Unidos impuseram vetos durante anos, mostra sua mentira. O projeto (gás egípcio) sobre o qual o embaixador americano falou precisa de seis meses a um ano para se concretizar e deve primeiro ser discutido com a Síria e o Líbano deve liderar essas discussões. O embaixador americano nos vende ilusões, mas se isso se concretizar, não ficaremos perturbados se o bloqueio americano ao Líbano for quebrado”, afirmou o líder do Hezbollah.
« A administração americana deve suspender seu veto a qualquer terceiro país que queira apoiar o Líbano se realmente quiser ajudá-lo, » ele insistiu.
Empresas Iraniana
Sayed Nasrallah foi ainda mais longe em seu desafio a ‘Israel’ e aos Estados Unidos, propondo que o Estado Libanês assinasse contratos com empresas de perfuração iranianas para explorar hidrocarbonetos offshore, uma questão espinhosa que foi bloqueada, devido ao impasse nas negociações indiretas entre ‘Israel’ e o Líbano em torno das áreas marítimas disputadas.
“Se nenhuma empresa está pronta para perfurar no mar do Líbano para explorar hidrocarbonetos, há empresas iranianas, com muita experiência, estão prontas para isso. É inaceitável que esses recursos permaneçam inexplorados. Existem grandes quantidades na costa do Líbano e quaisquer declarações em contrário são falsas. Sugiro que o próximo governo trabalhe com empresas iranianas que tenham coragem de perfurar e extrair petróleo e gás, entretanto, e que não tenham medo de bombardeios israelenses. Que Israel se atreva a bombardeá-los”, disse Sayed Nasrallah.
Os EUA estão por trás do desmantelamento do Estado?
No início de seu discurso, o Secretário-Geral do Hezbollah fez com que os Estados Unidos assumissem a responsabilidade pelo « desmantelamento do Estado e da sociedade libanesa ».
Sayed Nasrallah afirmou que: “A batalha no Líbano contra a Resistência e as forças nacionais é liderada diretamente pela Embaixada Americana. Se os partidos nacionais querem realmente o bem do país e os recursos do Líbano sejam propriedades dos libaneses, eles iam manifestar e condenar o ato dos aviões militares israelenses quando violaram o espaço aéreo libanês para agredir a Síria recentemente. Isso mostra realmente que este partidos não se importam com a paz nacional.
E para lembrar: “Os Estados Unidos lideram essa desordem desde 2005, mas falharam. Os americanos junto com a Arábia Saudita tentaram levar o Líbano a uma guerra civil, porem, não conseguiram. Qual é a alternativa deles? O desmantelamento da sociedade, o Estado, partidos, forças políticas, famílias, regiões e comunidades, desde 17 de outubro de 2019”.
“Em vez da guerra civil, as pessoas estão se matando nos postos de gasolina, e amanhã será na frente das padarias e supermercados, e o país estará em caos. A questão é maior do que colocar a população contra a Resistência”, frisou.
Sayed Nasrallah reiterou que o Hezbollah de hoje está mais forte do que antes, « Se eu revelar o número de membros do partido hoje, nossos inimigos ficarão assustados, pois o fator humano, que temos, é mais importante do que qualquer outro fator ».
E para acrescentar: “O país fica à deriva ». Claro, o exército e a polícia estão mobilizados, mas tudo o que acontece de problemas é proposital e planejado para o estado e os partidos políticos entrem em colapso. Alguns pensam que o Hezbollah é o único alvo, mas pensem novamente, todas as formações são falsas, é daí que vem o slogan: “Tudo significa tudo”.
“Estão tentando substituir os partidos por ONGs. É depois de toda essa pressão vão forçar a impor um governo, uma lei eleitoral e um acordo com Israel. Isso é o que os Estados Unidos querem. Esta é uma guerra e estamos em um confronto ».
Confirmo que não é o Hezbollah que pode levar o país para o leste, em direção à Rússia e à China. Depende de o Estado fazer isso. « O Hezbollah não pode substituí-lo”, reafirmou Sayed Nasrallah.
A imagem heroica de Gaza deve entrar para a história
Sayed Nasrallah concluiu seu discurso mencionando a imagem heroica de jovens palestinos que planejavam arrancar a arma do atirador israelense escondido atrás de um muro fortificado na fronteira com Gaza. Em seguida, atiraram no soldado por uma fenda. « Essa cena que simboliza: a vontade e a esperança, vale a pena entrar para história”.
Fontes: Almanar