Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, na cerimônia de luto dos dois mártires Qassem Soleimani e Abu Mahdi Al -Muhandis e seus companheiros, realizado na segunda feira, domingo, dia 03 de Janeiro de 2022.
Redação do site
O Secretário-geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, fez um discurso na segunda-feira, 03 de janeiro, por ocasião da Comemoração do martírio do líder do Eixo da Resistência e da força Al Quds, General Qassem Soleimani, e o Líder do Hachd Al – Chaabi Abu Mahdi AL-Muhandis e seus companheiros.
Principais pontos do discurso:
Em primeiro lugar, gostaria de apresentar as minhas condolências a todos os muçulmanos pelo martírio da filha do Profeta Mohamed(S) Sayeda Fatima Zahraa. Por outro lado, gostaria de felicitar todos os cristãos e muçulmanos pelo nascimento de Jesus Cristo(S).
As questões locais serão discutidas nos próximos dias, enquanto enfatizando a importância do diálogo entre os libaneses. Nós nos preocupamos profundamente com nossos aliados e com nosso relacionamento com nossos amigos. Estamos comprometidos com o acordo com o Partido Corrente Patriótica Livre e trabalhando de uma forma a garantir o interesse nacional.
Voltamos ao nossa ocasião em homenagem aos mártires Haj Qassem Soleimani e Abou Mahdi Al Muhandis e a seus companheiros iranianos e iraquianos, cujo comboio foi bombardeado e reclamado pelos EUA no aeroporto do Baghdad no Iraque.
Este assassinato (cometido em 03 de janeiro de 2020) teve consequências no Irã e na região e suas repercussões continuam até os dias de hoje.
Recordamos após dois anos esta ocasião para expressar nosso amor, para valorizar os sacrifícios que eles fizeram, para reiterar a determinação de seus irmãos em continuar seu caminho na luta contra os planos israelense-americanos na região e aprender a lição com as experiências deles.
Posicionamento entre o assassino e o mártir
Nas comemorações anteriores, conversamos muito sobre suas características.
Hoje, gostaria de falar sobre o posicionamento entre o assassino e o mártir.
Nossos povos, países, governos e pátrias devem adotar uma posição decisiva entre um assassino e um mártir, não para o bem do mártir, mas para o seu bem, sua consciência e seu futuro.
Para começar, no Iraque, o assassino ocupou o país, matou dezenas de milhares de iraquianos, saqueou as riquezas e cometeu atrocidades e torturas, especialmente na famosa prisão de Abu Ghraib nos EUA. E graças à resistência, os americanos retiraram suas tropas em 2011 do país. Posteriormente, foram eles que criaram o Daesh, de acordo com as confissões de Trump, Pompeo e altos oficiais militares nos Estados Unidos, e isso como um álibi para trazer de volta suas tropas para o Iraque. Todos se lembram da queda das províncias iraquianas nas mãos do Daesh. As forças dos EUA então retornaram sob o pretexto de oferecer sua falsa ajuda.
Quanto aos mártires representados por Qassem Soleimani, Abu Mahdi AL Muhandis e seus irmãos, lutaram contra a ocupação até a vitória.
O primeiro que ficou ao lado do povo iraquiano foi Soleimani, que representou o Guia (Sayed Ali Khamenei), a Guarda Revolucionária e o povo iraniano.
O mártir Haj Qassem Soleimani resistiu à ocupação dos EUA e ajudou a construir facções de resistência iraquianas e lhes forneceu dinheiro, armas, força, vigor, esperança, confiança e entusiasmo até a grande vitória e a expulsão das forças americanas do Iraque.
Haj Qassem Soleimani e seus irmãos vieram ao Iraque desde os primeiros dias difíceis e ofereceram muitos mártires ao lado de seus irmãos iraquianos (Hachd Al-Chaabi) no caminho da luta contra o Daesh.
O mártir Soleimani protegeu e defendeu o Iraque, que goza de muita segurança e estabilidade, graças ao sangue desses mártires.
Existe uma pessoa sã que iguala os Estados Unidos à República Islâmica do Irã, que apoiou e protegeu o Iraque?
O pior é que alguns no Iraque agem como se o americano fosse o amigo e o iraniano, o inimigo. Isso constitui um desastre ao nível da consciência, pensamento, percepção moral e humanidade.
Também no Iraque, há quem acredite que o regime saudita e o Irã são amigos.
De 2003 até a derrota do Daesh no Iraque, houve milhares de ataques suicidas contra iraquianos de todas as religiões. O príncipe saudita da época, Nayef Ben Abdel Aziz, admitiu pessoalmente que milhares de jovens sauditas foram ao Iraque para realizar atentados suicidas.
O pensamento do Daesh é inspirado no pensamento Wahabista saudita, segundo Mohammad Ben Salman (príncipe herdeiro da Arábia Saudita).
A Arábia despachou seus jovens para matar o povo iraquiano, enquanto o Irã enviou seus filhos pequenos para defender o povo iraquiano. Os serviços de segurança iraquianos estão bem cientes de que os serviços de inteligência sauditas enviaram carros-bomba ao Iraque e homens-bomba. Como o mártir e o assassino podem ser tratados com igualdade?
Prossiga com a retirada dos EUA do Iraque
Hoje, os EUA afirmam que encerraram as missões de combate de suas forças no Iraque. Presume-se que as forças americanas deixaram o Iraque e que os que permanecem são um grupo de treinadores, conselheiros e técnicos.
Qualquer tolerância, cegueira e falsificação da presença das (remanescentes) forças americanas no Iraque constituem um novo assassinato do Qassem Soleimani, Abu Mahdi Muhandis e os mártires.
A lealdade a estes mártires é a verdadeira resposta ao apelo do povo iraquiano, expresso pelos milhões de pessoas que se manifestaram na altura, de seguir este caso até ao fim.
Os EUA são responsáveis por todos os crimes de Israel na Palestina e no Líbano
Hoje na Palestina acontecem massacres, milhares de detidos e também grevistas de fome, deslocamentos forçados, campos de refugiados, um bloqueio a Gaza durante 15 anos envolvendo dois milhões de pessoas, ao conhecimento e à vista da comunidade internacional que brandia o slogan de direitos humanos e o diálogo de civilizações. Milhões de palestinos estão na diáspora, ataques israelenses são cometidos diariamente na Cisjordânia e em Al Quds.
Os Estados Unidos são responsáveis por todos os crimes de Israel na Palestina e na região porque são eles que financiam, apoiam, armam, protegem e forçam os países do mundo a normalizar suas relações com ‘Israel’ assinando acordos de paz.
Os Estados Unidos exercem terror contra todos os países árabes para que eles não lutem contra ‘Israel’.
O maior protetor de Israel na região são os Estados Unidos, responsáveis por todos os crimes cometidos por Israel na Palestina e no Líbano.
Na Palestina, os assassinos são representados por Israel e EUA, e os mártires pelos palestinos por Soleimani e o que ele representa.
Desastre ao nível da consciência
De 1948 até os dias atuais no Líbano, foram os EUA que assumiram a responsabilidade por todas as guerras israelenses, massacres, tortura, detenção de libaneses, ocupação e ameaças de destruição do Líbano.
Como ter como amigos quem te matou? Deixe-me dizer que esta é uma catástrofe ao nível da consciência e da humanidade.
Embaixador dos EUA na Turquia supervisionando guerra na Síria
Na Síria, houve centenas de milhares de vítimas desde a guerra começou em 2011. Daesh, Al-Nosra e alguns países árabes foram ferramentas. Quem supervisionou a guerra foi o Embaixador dos Estados Unidos na Turquia, segundo a confissão do ex-chefe diplomático do Catar, Hamad Ben Jassem. Os EUA foram derrotados na Síria assim como no Iraque.
A Síria e seu povo agora enfrentam uma grave crise econômica, devido à lei americana César, que proíbe os investidores de investir e construir a Síria.
As forças americanas que ocupam uma parte significativa do território sírio a leste do Eufrates, com seus poços de petróleo e vastas planícies, foram os responsáveis do assassinato do Qassem Soleimani e Abu Mahdi Al-Muhandis.
Onde quer que este assassino americano esteja, o mártir Soleimani estava presente, ganhando vitórias, construindo os elementos de força, derrotando o assassino e mudando as equações.
Arábia é uma ferramenta dos EUA
No Iêmen, sete anos de guerra e massacres sauditas. Os bombardeios voltaram a vigorar contra as instalações civis para camuflar sua derrota em outras frentes (Ma’reb). Os EUA são os principais responsáveis, pois apoiam a Arábia nesta guerra. Se os EUA ordenarem que a Arábia acabe com esta guerra, eles ousarão continuar sua agressão? A Arábia Saudita é uma ferramenta dos EUA.
No Irã, 80 milhões de pessoas estão sujeitas às sanções dos EUA.
No Afeganistão, dezenas de milhares de civis foram mortos, ‘por engano’, pelos bombardeios dos EUA.
A vingança do sangue de Soleimani e Muhandis
Conclusão: O assassinato de Soleimani e seus companheiros trouxe uma nova etapa de consciência, percepção e conhecimento do inimigo principal.
Aqueles que ordenaram e executaram o assassinato dos dois governantes, Soleimani e Al-Muhandis, receberão sua retribuição neste mundo antes do Além. Esta é a promessa dos revolucionários e não dos iranianos e iraquianos.
A segunda vingança por esse assassinato é a retirada das forças americanas de nossa região.
Dois anos após este assassinato, as forças dos EUA retiraram-se de forma humilhante do Afeganistão e provocaram uma reação nas ruas do Iraque que exigiu a retirada das forças de ocupação americana.
Seu verdadeiro inimigo, tirano, opressor, corrupto, o líder da agressão e a mãe da corrupção e da tirania em nossa região, são os Estados Unidos.
Senhor, Rei da Arábia, quem é o verdadeiro terrorista?
Quanto à Arábia Saudita, está na vanguarda dos países que apoiaram os grupos (takfiristas) que lutaram na Síria e no jrud libanês de Ersal e no vale do Bekaa.
Foi a Arábia Saudita que deu início à agressão e à guerra, e foi a Arábia Saudita que conspirou. E não foi o Hezbollah que foi lutar contra a Arábia Saudita.
Senhor, Rei da Arábia Saudita, o terrorista é quem exportou para o mundo a ideologia wahhabi do Daesh, e é você, o terrorista é quem mandou milhares de sauditas para realizar atentados suicidas no Iraque e na Síria.
O terrorista é aquele que há 7 anos trava uma guerra contra o povo oprimido do Iêmen, matando e destruindo a população e sua infraestrutura.
O terrorista é aquele que está ao lado dos Estados Unidos em todas as suas guerras e abre suas terras e bases militares para que realizem seus crimes. O terrorista é quem financia grupos de sedição em nosso país e na região.
Quanto ao Hezbollah, não é um terrorista, é antes um partido da resistência, patriótica e honrada, que defende a sua pátria, a sua nação, o seu povo, a sua nação e os seus lugares sagrados.
O Hezbollah é companheiro de Qassem Soleimani, que venceu os terroristas.
O terrorista, é quem faz como reféns dezenas ou centenas de milhares de libaneses que vivem nos países do Golfo, ameaçando o Estado libanês de expulsá-los.
A renúncia de qualquer ministro libanês não mudará a posição da Arábia, porque seu problema com o Líbano é com quem abortou seu projeto.
FIM
Source: Al-Manar