Discurso do Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, as 8:35 da noite da quinta feira, 09 de Junho de 2022, sobre os últimos desenvolvimentos políticos locais.
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, disse que: « O Líbano está enfrentando uma nova etapa em relação às suas fronteiras marítimas », enfatizando: « A necessidade de que esta questão se transforme em uma grande questão nacional ».
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, destacou que : »O Líbano vive uma nova fase, que se reflete no que aconteceu nos últimos dias, e na chegada do navio grego, cujo sua plataforma flutuante é responsável pela extração de gás do Karish, cometendo uma violação contra a soberania do Líbano e o leva a uma situação difícil ».
Em um discurso televisionado, transmitido pelo Canal Al-Manar sobre os últimos desenvolvimentos políticos, Sayed Nasrallah dedicou todo o seu discurso à questão da extração de petróleo e gás, observando: « No que diz respeito à delimitação de suas fronteiras marítimas e suas riquezas em seu mar territorial, o Líbano enfrenta um problema que deve se tornar uma grande questão nacional ».
Nasrallah destacou que: « O valor da riqueza de petróleo e gás nas águas libanesas não tem preço, por isso chamamos de tesouro. Essa riqueza é propriedade de todo o povo libanês, melhor ainda é a única esperança que resta para salvar o nosso país do colapso ».
Sua Eminência insistiu na necessidade de : »Definir como objetivo a proteção de extração do nosso petróleo e gás natural e explorá-los em benefício do povo libanês após sua extração », observando que: « Na região, apenas a Síria e o Líbano são proibidos de extrair seu petróleo e gás”.
Sayed Hassan definiu três perigos que ameaçam o Líbano atrás do ato da agressão israelense: « O primeiro perigo desta violação das fronteiras marítimas libanesas é a espoliação de uma grande parte do Líbano, de seus campos e sua riqueza petrolífera. O segundo perigo é que o Líbano será proibido de extrair o seu petróleo, e este é um problema para o qual os libaneses devem encontrar uma solução. E por fim, o terceiro perigo é o de esvaziar os campos de gás e petróleo que se estendem até ao nosso país », salientando que: « Neste assunto, o fator tempo é de extrema importância, ou seja, quando chegar o momento de nos permitir explorar , podemos não encontrar nada”.
Entretanto, Nasrallah sublinhou que: « A questão da extração do petróleo e gás não é menos importante da questão da libertação da faixa fronteiriça ocupada, que de fato difere dela por apresentar vantagens que devem constituir uma motivação e um incentivo para assumir responsabilidades na parte de todos os libaneses ».
E continuando: « O objetivo direto deve ser impedir que o inimigo extraia petróleo e gás do Karish e parar qualquer atividade que esteja prestes a começar ou já tenha começado nesta área », sublinhando que: « Cada dia adiado é uma perda de petróleo e dinheiro para o povo libanês ».
Sayed Hassan Nasrallah indicou que: « O campo Karish está localizado em uma única linha, está em uma área disputada e, portanto, o que será extraído dele é disputado e ilegal », explicando que: « Não importa onde o navio parou e onde a perfuração e a mineração ocorrerão, pois a embarcação pode explorar todo o campo de Karish debaixo da água, mesmo que esteja no lado palestino”.
Nasrallah observou que: « Neste confronto, o Líbano goza de um direito, um motivo, uma necessidade vital e uma força através do Exército e da Resistência », observando que : »A resistência goza da capacidade financeira, militar e de segurança para impedir que o inimigo extraia petróleo e gás do campo de Karish ».
E continuou: « Nem todas as medidas do inimigo podem proteger a plataforma flutuante ou o processo de extração do campo Karish », afirmando que: « Qualquer loucura que o inimigo cometer não terá apenas repercussões estratégicas, mas existenciais, e o que Israel perderá nesta guerra com a qual nos ameaça, é muito mais grave do que o que o Líbano pode perder”.
PRINCIPAIS TÍTULOS DE SEU DISCURSO
O Líbano entrou em um novo período em que deve enfrentar grandes desafios e um particularmente decisivo, a saber, a extração de gás e petróleo. No entanto, esta questão não é uma simples questão de extração, porque Israel já começou a extrair petróleo, na realidade o que está a acontecer é um ataque ao território libanês, uma provocação que coloca o Líbano numa situação difícil e muito delicada sabendo que o Estado libanês, através das suas três presidências e as suas forças políticas condenaram este ato e alertaram para as graves repercussões no Líbano.
Sem dúvida, os libaneses enfrentam muitas perguntas: O que fazer? Como se comportar? Este incidente coincide com a recordação da invasão israelense do Líbano em 1982, que levou a uma ocupação desde o sul do Líbano até a capital libanesa, passando por parte do Monte Líbano. Esta ocupação envolveu o Líbano em questões sérias.
Os libaneses estão diante de um assunto que deve se tornar um assunto nacional unânime, pois diz respeito às nossas fronteiras marítimas, nossos recursos de petróleo e gás e, portanto, esse assunto deve preocupar todos os libaneses independentemente de sua confissão, sua posição política, independentemente das divisões internas. É um assunto que afeta toda a nação libanesa.
Hoje, os especialistas estimam que os recursos de petróleo e gás do Líbano valem 200 bilhões de dólares, então temos uma fortuna colossal e essa fortuna pertence a todo o Líbano. Esses recursos não dizem respeito apenas a uma região, eles estão espalhados por toda a costa libanesa.
Também esses recursos são a esperança, a única e a mais valiosa que pode salvar o Líbano, uma esperança de resolver todos os seus problemas econômicos, uma esperança de um futuro melhor. A partir daí devemos definir uma meta da dimensão do país porque é um assunto nacional, primeiro devemos proteger essa fortuna, esse tesouro. Então, devemos se preparar para extraí-lo e realizar todas as operações e, finalmente, explorar o nosso tesouro.
Os perigos que nos esperam se não agirmos diante desse ato de agressão do inimigo israelense
Para proteger e defender com sucesso nossos recursos de petróleo e gás, devemos definir os perigos que nos aguardam se não agirmos diante desse ato de agressão por parte do inimigo israelense.
1º perigo: As tentativas dos EUA e do inimigo de arrancar grande parte do território marítimo do Libano, e é aí que se joga a questão das linhas e do que contém como campos de petróleo.
2º perigo: Impedir o Líbano de extrair petróleo e gás, e isso resulta num problema real porque é preciso encontrar uma solução para essa proibição. As empresas multinacionais encarregadas de extrair nosso petróleo foram banidas, ameaçadas de sanções por não extrair em todas as áreas do Líbano mesmo aquelas que não são disputadas. No entanto, os especialistas estimam que a bacia do Mediterrâneo contenha muitos campos de petróleo e gás. E assim, Grécia, Chipre, Egito, estão autorizados a explorar seu petróleo, ao contrário do Líbano e da Síria, este último é oficialmente proibido pelos EUA com a lei de César, enquanto o Líbano é oficialmente proibido de extrair seu petróleo.
3º perigo: O tempo não está do nosso lado, no sentido de que devemos agir com rapidez porque o inimigo procura aproveitar cada minuto para extrair petróleo e esvaziar os poços, e todos os países localizados na bacia do Mediterrâneo começaram a extrair petróleo e o que o Líbano está fazendo durante esse período? Fica na espera, perdendo tempo e sua riqueza. E no dia em que permitirmos que o Líbano extraia seu petróleo, sem dúvida será tarde demais, sem dúvida será depois que os campos secarem.
Perante estes perigos, os libaneses devem assumir a sua responsabilidade e começar a trabalhar porque estamos diante um problema que se assemelha ao da ocupação da fronteira sul do Líbano onde foi imposta uma faixa fronteiriça aos libaneses. Em 1985, a Resistência decidiu libertar a faixa da fronteira ocupada. E por 15 anos, sacrifícios foram oferecidos para libertar esta área ocupada. Hoje a questão da extração de gás e petróleo, e a toda nossa riqueza marítima, são da mesma importância que a questão da liberação da faixa da fronteira territorial, mesmo esta questão inclui vantagens. Assim, no caso da liberação da faixa de fronteira, alguns poderiam vê-la como uma vantagem para os habitantes do sul, enquanto a extração de petróleo beneficia todos os libaneses.
Além disso, devo observar uma grande diferença: O fator tempo. No caso da liberação da faixa de fronteira, cidades como Marjeyoun ou as Aldeias de Chebaa não serão afetadas pelo clima porque estão presentes, existem. Por outro lado, no caso da extração de petróleo, cada minuto de extração de petróleo pelos israelenses custa ao Líbano uma perda no volume desses recursos petrolíferos. Em qualquer guerra de libertação há uma batalha de atrito, enquanto nesta questão o tempo é precioso. Especialmente porque o Líbano está passando por uma crise monetária sem precedentes. É uma questão de sobrevivência. O objetivo direto neste caso nacional é impedir que o inimigo extraia gás do campo de Karish, talvez essa plataforma flutuante já tenha iniciado seus trabalhos de perfuração e, mesmo que tenha sido, deve ser encerrado.
Não importa onde o navio abordou, ou seja, em qual ponto geográfico está estacionada agora, pois o campo do Karich é gigante, e o petróleo pode ser extraído em qualquer ponto. Portanto, o navio não precisa estar do lado libanês para extrair todo o petróleo de Karich, já que este campo é um único campo e está em uma única linha que apresenta a área disputada. O ponto é como o campo Karich e embaixo da superfície da água é tudo aberto, não é definido por blocos de fronteiras, tudo o que o inimigo extrai desse poço é ilegal, e o que o Líbano está fazendo? Nada. Apenas observa, e pior que é proibido extrair, então o objetivo é impedir a extração de petróleo de Karich.
O que o Líbano tem nesse confronto
Antes de tudo, o nosso país goza de direitos, como qualquer outro estado no mundo, direitos da soberania, no que nos diz respeito, não nos envolvemos no debate sobre as linhas de demarcação marítima 29 ou 23, não é da nossa conta, é do Estado, mas estou falando da questão da extração em geral, que é um direito que nos pertence.
O Líbano está em necessidade e passando pela mais grave crise econômica já conhecida, portanto, seu motivo é salvar os libaneses através da extração de petróleo.
O nosso país se beneficia de uma força através do Exército e da Resistência. No entanto, a Resistência tem várias capacidades: logística, material, militar, para impedir que o inimigo extraia o gás e digo aos libaneses e ao inimigo: Vocês sabem que o inimigo trouxe submarino, implantou sistemas de defesa antimísseis, organizou patrulhas de caças. Quero garantir, que todas essas medidas, não serão capazes de proteger a sua extração de gás e petróleo, e estamos prontos e capazes de impedir que o inimigo extraia o gás e o petróleo.
Como de costume, os israelenses fizeram ameaças em uma tentativa desesperada de nos intimidar, mas seus líderes militares sabem muito bem que qualquer loucura que o inimigo cometer terá repercussões não apenas estratégicas, mas existenciais, e que Israel perderá nesta guerra, que nos ameaça, muito mais que o Líbano pode perder.
Outro fator a ser levado em consideração: A responsabilidade do povo libanês que deve se traduzir em uma posição nacional unida, especialmente porque sempre há forças políticas silenciosas, deputados que não comentam. Como lembrete, é lamentável reconhecer que os libaneses estavam divididos sobre a liberação da faixa da fronteira, por outro lado, no que diz respeito à extração do nosso petróleo que é um assunto nacional, pergunto a essas vozes silenciosas: Qual é o seu com licença? Vocês devem saber que quando os israelenses virem que todo o povo libanês está unido em torno da extração de gás e petróleo, seus cálculos serão diferentes, seu comportamento será diferente.
Então o Líbano não é fraco, não é o Líbano de 1982, o Líbano é forte.
Quais são nossas escolhas?
1ª escolha: Negociação. É uma opção, ainda que alguns tenham certa desconfiança do mediador americano. Mas, temos que ser realistas, o estado libanês quer negociar e, portanto, de acordo com a constituição, é o presidente que tem esse direito e esse dever de iniciar as negociações. Para ter sucesso, é preciso unificar as posições oficiais, em particular a das três gabinetes presidências, a do governo e a dos deputados, sem esquecer o apoio da população. Este não é o momento para disputas, divisões, para acertar contas. Porque esta batalha coloca em jogo o futuro do país.
E quando o presidente sentir que todos o apoiam, ele conduzirá as negociações com mais confiança, força e audácia.
2ª escolha: Devemos ser realistas. Antes da ocupação israelense em 1982, o Líbano não teve que resolver problemas de delimitação das fronteiras terrestres, pois a resolução 425 em 1978 do Conselho de Segurança confirmou o traçado das fronteiras terrestres, e instou a entidade sionista a respeitar a soberania do Líbano, respeitar seu território etc. Só que apesar de uma resolução da ONU, o inimigo israelense ocupou o Líbano em 1982, porque nunca respeitou as leis internacionais. E assim, se alguns propõem como solução modificar a decisão presidencial, isso não resolverá a questão, porque estamos diante de um inimigo que não respeita o direito do outro, e que apenas se dobra à força: Retirou-se no ano 2000 graças à Resistência , ele se retirou de Gaza pela força, etc. Que ninguém aposte em uma simples modificação no papel.
3ª escolha: Resistência. Deve-se lembrar de que sua presença e sua legitimidade decorrem do fato de contribuir para a defesa do país, e não tomar o lugar do exército, pelo contrário, a Resistência só atua no quadro da equação : « Exército, Resistência e o povo », e nesta equação é o Exército que está sempre à frente. Entretanto, o que importa não é quem toma a iniciativa da defesa, mas que essa defesa seja feita. O objetivo da Resistência é defender o país, e essa Resistência não pode ficar de braços cruzados diante do roubo do nosso petróleo e não ficará assim.
A Resistência acredita que todas as possibilidades estão abertas e sem hesitação, a Resistência não teme nada, não queremos a guerra mas não tememos a guerra, e o povo libanês deve dizer ao inimigo que deve cessar suas atividades rápida e imediatamente.
Além disso, a sociedade grega deve saber que está envolvida neste ato de agressão contra o Líbano e, portanto, o navio e toda a sua tripulação devem arcar com as repercussões de suas atividades. Aconselho-a a retirar-se rapidamente, caso contrário terá de sofrer as consequências e assumir total responsabilidade.
Quanto às negociações, gostaria de enfatizar e ao contrário do que alguns meios de comunicação têm afirmado, não pretendemos participar delas, por outro lado, acompanharemos a situação, coletaremos todas as informações hora a hora e dia por dia, e depois tomamos as medidas necessárias.
Uma palavra, sobre as empresas multinacionais que não fizeram nada desde o início de seu contrato com o estado libanês, prorrogar seu contrato foi um erro. Sua inação é parte da pressão, sua recusa em não extrair petróleo nos outros blocos que pertencem o Líbano é suspeita.
Nesse contexto, durante a campanha eleitoral, discutimos a situação econômica, e decidimos elaborar um dossiê sobre gás, petróleo, fronteiras terrestres e marítimas, zona econômica, todos os pontos fronteiriços com terra palestina, as aldeias de Shebaa.
À luz de tudo que foi apresentado acima, a conclusão é a seguinte: Os EUA e « Israel » estão dizendo ao Líbano que é proibido extrair seu gás e petróleo não apenas nas áreas disputadas, mas também em blocos soberanos. Em outras palavras, procuramos matar vocês de fome.
Apesar de tudo, temos forças e capacidades para não deixá-los fazer e isso, certamente não será uma coisa fácil, pois poderia nos envolver em um imprevisto. As apostas são altas, pois estão relacionadas com o futuro do país.
FIM
Source: Al-Manar