Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, na última sexta-feira do mês de Ramadan dia 07 de Maio por ocasião do Dia Internacional de Juresalem Al-Quds
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, alertou o inimigo israelense sobre as manobras que pretende empreender na próxima semana « Contra qualquer movimento em falso, qualquer pensamento de agressão contra o Líbano ou qualquer tentativa de mudar as regras de engajamento », enfatizando: « Não toleraremos qualquer transgressão israelense, qualquer erro, qualquer movimento em todo o território libanês, nossa mensagem é clara e o inimigo deve levá-la a sério”.
Continuando: “Em relação às manobras que o inimigo israelense pretende empreender no próximo domingo, e à luz dos desdobramentos existentes, pedimos cautela na região e especialmente no Líbano. Estaremos extremamente vigilantes e monitoraremos continuamente o ritmo dessas manobras ».
Falando por ocasião do dia internacional de Al-Quds, Sayyed Nasrallah proferiu um discurso transmitido ao vivo no canal por satélite Almanar, compreendendo três eixos: O primeiro sobre o povo palestino, o segundo sobre o Eixo da Resistência e o terceiro: o ponto sobre a entidade sionista no que diz respeito aos últimos acontecimentos geopolíticos a nível interno e regional.
A respeito do dia internacional de Al-Quds, sua eminência lembrou que « A Revolução Islâmica no Irã está comprometida em reviver a causa palestina por meio do Dia Internacional de Alquds estabelecido pelo Imã Khomeini » acrescentando « que esta questão não é tática ou política em natureza, mas é uma questão doutrinal e uma questão de direito absoluto. Uma questão doutrinária significa que o homem não abandona seus princípios religiosos nem a sua fé. Ao contrário do que alguns já fizeram na história do Golfo Pérsico e que adoravam suas estátuas de tâmaras”.
PRINCIPAIS PONTOS DA SUA FALA:
Antes de iniciar meu discurso, quero assegurar a vocês e principalmente a todos os que acompanharam o discurso religioso (da quarta-feira, 5 de maio, nota do editor) que não estou afetado pelo coronavírus. De fato, alguns espectadores se preocuparam com minha saúde porque eu tossia com frequência e mostrava sinais de fadiga. É que estou com uma leve infecção na garganta e os médicos garantiram que não mostra sinais de contaminação por covid. E então, por favor, não se preocupe se durante a minha fala eu tossi um pouco.
Dito isto, o Dia Internacional de Alquds que o Imam Khomeni (P) instituiu, não é uma questão puramente política ou militar, é uma questão doutrinal, uma questão de direito, uma questão doutrinal significa que o homem não abandona os seus princípios religiosos, sua fé e seus valores, e não como alguns fizeram na história da Península Arábica, aqueles que só pensavam em amar as suas estátuas de tâmaras.
Minha fala está centrada em torno de três eixos, com dois pontos para sublinhar:
1- A determinação do povo palestino
A determinação e tenacidade do povo palestino é a espinha dorsal da causa palestina e então da questão de Alquds. Sua recusa e oposição a qualquer forma de agressão, guerras, humilhações, seu apego à resistência de geração em geração contra a ocupação israelense para recuperar seus direitos, falharam todas as tentativas de enterrar a causa.
Os países árabes que abandonaram a resistência palestina e que normalizaram as relações com o inimigo israelense, tentaram justificar seu ato de traição ao povo palestino alegando que foram os palestinos que desistiram de sua resistência e, portanto, de que adianta ser mais rei do que o rei?
O que esta acontecendo hoje na Palestina ocupada prova o contrário e denuncia suas falsas alegações. Os palestinos tomaram todas as estradas da Palestina ocupada, respondendo ao apelo do Imam Khomeini, lançado décadas atrás, para comemorar o dia internacional do Alquds, desarmados, com as mãos nuas e reafirmando para todo o mundo que sua causa ainda está bem viva.
Um dos acontecimentos mais perigosos na luta contra a ocupação israelense é a concentração da Faixa de Gaza, militarmente, ao lado da Cisjordânia. Este evento tem consequências graves: basta seguir os comentários da mídia e das autoridades israelenses. Eles afirmam que a unidade da Cisjordânia e da Faixa de Gaza na luta contra as forças israelenses é muito perigosa para o futuro de « Israel », sabendo que os israelenses sempre buscaram separar a Cisjordânia da Faixa de Gaza, porque a manifestação da Faixa de Gaza nesta luta perturba o equilíbrio de poder em solo palestino.
2- A tenacidade do Eixo de Resistência:
Assim, tome o caso da República Islâmica do Irã, não há dúvida de que este estado é o mais poderoso neste eixo em diferentes níveis: demográfico, militar, geográfico e todos os esforços ocidentais se resumem em um objetivo: trazer o Irã de volta ao eixo dos Estados Unidos, porém isso não teve nenhum resultado.
Com a saída de Trump, o espectro da guerra desapareceu, já que o governo Biden está preocupado com outras questões relacionadas à China e à Rússia.
O Irã conseguiu superar a ameaça de guerra durante o tempo de Trump, e mesmo durante esse tempo a República Islâmica do Irã afirmava por meio de seu líder Aiatolá Ali Khamenei que não haveria guerra.
Hoje Netanyahu acredita que não mais contar com uma guerra dos EUA contra o Irã e, por isso, está preocupado com a retomada das negociações entre os dois países sobre a questão nuclear iraniana.
As escolhas israelenses e americanas em relação à questão nuclear iraniana foram reduzidas a zero. Nem as sanções mudaram seus atitudes ou a posição dos iranianos em relação ao seu programa nuclear pacífico, nem até os acordos de certos países árabes, o isolamento, o embargo, os assassinatos e nem até as frequentes ameaças de guerras. Pelo contrário, os iranianos mudaram dobrado em tenacidade, resolução, até mesmo ousadia por meio de ações e decisões corajosas.
E, se acompanharmos as posições dos países árabes no Golfo Árabe recentemente, vemos uma reviravolta a favor do Eixo de Resistência. Como, por exemplo, as negociações saudita-iranianas que decorrem fora dos meios de comunicação e que, segundo o que é noticiado, refletem um ambiente positivo.
Quero assegurar a certas vozes que procuram semear dúvidas entre os membros do Eixo de Resistência em relação ao Irã, que a República Islâmica não é de natureza a se envolver em negociações que avança e ponha em risco os interesses de seus aliados ou amigos, ou negociou em nome deles, portanto, é normal que apoiemos qualquer projeto construtivo realizado pelo país iraniano.
Temos anos de experiência resultando em mais afinidade e benefícios em comum como irmão mais velho e aliado. Por outro lado, quem deveria se preocupar são os aliados dos EUA, e, além disso, os israelenses estão muito preocupados.
Falando, agora, sobre a Síria que, a força de seu povo, exército, e estado, venceu a guerra, conseguiu recuperar e libertar a maior parte do seu território da presença terrorista é claro que há duas exceções: O leste do Eufrates que se tornou uma questão regional e internacional, porque é ligado aos EUA, o mesmo para o norte da Síria, que está ligado à Turquia. Isso explica a recuperação de alguns países árabes de seus contatos com a Síria, em particular as negociações sauditas – síria e que alguns estão tentando explorar para semear dúvidas entre as forças do eixo da resistência, quero tranquilizá-los que esse tipo de discussão é bastante normal e lógico entre dois países árabes e, portanto, a Síria está a caminho da recuperação.
Claro, a crise econômica que afeta a Síria é uma questão regional porque todos os países estão sofrendo com isso.
Vamos para o Iêmen, seu povo fez história na luta contra a opressão, sua tenacidade e determinação enfrentaram a agressão da coalizão saudita durante anos, para continuar sua luta é sem precedentes. Mas ainda assim, apesar do embargo, a guerra, a fome, esse povo se mantem fiel à causa palestina, não vacila, pelo contrário, os iemenitas celebraram o dia de al-Quds, milhares foram nas praças para reafirmar sua fé na causa palestina, esse povo continua sua ascensão militar de forma extraordinária e registra façanhas militares não apenas em defesa de seu território, mas também em solo saudita!
Conclusão: Mirar ou ameaçar esse eixo, tentar desestabilizá-lo, destruí-lo faz parte do passado.
3- Mudanças regionais e internacionais:
A chegada do governo Biden ao poder, a efetividade da presença militar do eixo de resistência na região, a presença militar americana na região questionada pelos povos locais como no Iraque e que sofreu um retrocesso sem precedentes à luz da agenda para a retirada das forças americanas da região, começando pelo Afeganistão, o colapso de certas alianças árabes em favor de novas relações bilaterais como Catar, Egito, Turquia etc. tudo isso de uma forma ou de outra fortaleceu a posição do eixo de resistência na região e tem servido à causa palestina.
4- Geopolítica interna de Israel:
“Israel” construiu uma forte torre de defesa e se comportou por décadas com arrogância, força e confiança.
Porém hoje em analises, essa entidade, é derrotada, continua sofrendo derrotas militares, pois tem duvidas do seu futuro e sente-se em perigo apesar de sua indiscutível superioridade militar no plano tecnológico.
No plano político interno, vive uma crise sem precedentes, porque é constantemente obrigada a renovar as eleições. O destino desta entidade agora é vinculado a uma pessoa: Netanyahu. Quatro eleições foram realizadas para que ele pudesse permanecer no poder e evitar a enfrentar a decisão judicial.
Esta entidade que se baseou numa ideologia, numa fé, numa visão estratégica é hoje, está sob o controle de uma pessoa só. Os partidos políticos israelenses estão jogando acusações e insultos uns aos outros. Alguns especialistas israelenses até falam de uma guerra civil que ameaça « Israel ». Isso não significa que vai acontecer, mas falar sobre isso é em si um sinal de falha no sistema de unidade da entidade.
Outro sinal de fraqueza: A questão do míssil, perdido no céu israelense, levantou sérias perguntas dentro da instituição militar, a ponto de questionar as reais capacidades de defesa antiaérea de « Israel » em caso de guerra. Está claro para « Israel » que não será capaz de fazer frente aos milhares de mísseis lançados em poucos minutos sobre todo o território da entidade sionista.
Outro ponto fraco: O incidente de debandada no Monte Meron que matou dezenas de peregrinos israelenses revelou que a frente doméstica não está pronta para a guerra.
Também outro ponto fraco: A estratégia militar do « Israel » não tem sentido por causa do estado moral das forças terrestres israelenses.
Evidências de apoio: Em menos de um ano o exército israelense está organizando dezenas de manobras, por passar em várias convulsões nas últimas décadas, questionando, em suma, todos os sinais de doença e envelhecimento de que sofre esta região. Entidades são claros e evidentes como no campo da resistência, os jovens da Palestina, os jovens do Eixo da Resistência estão cada vez mais tenazes, mais resolutos, mais determinados a lutar contra a arrogância americano-israelense, e ainda são mais confiantes na vitória contra a entidade sionista.
Não estou falando dos países árabes que normalizaram as relações com a entidade, porque nunca participaram dessa luta antes, então não estão preocupados com essa análise.
Esta batalha está aberta, suas perspectivas estão abertas, a vitória está no horizonte.
Dois pontos irrelevantes:
1- A delimitação de nossas fronteiras marítimas com o inimigo israelense:
Temos repetidamente expressado nossa posição sobre este assunto, mas alguns persistem em questionar o silêncio do Hezbollah, sem dúvida sofrendo de amnésia.
Recordo, pela enésima vez, que no ano 2000, levantamos a questão das fronteiras, e salientamos que era uma questão soberana, portanto, apenas o Estado libanês é o competente para lidar com tal questão ou mesmo assumir total responsabilidade por isto.
E então eu disse que o Hezbollah não se envolverá neste assunto. Isso é a responsabilidade do estado libanês. Nós, como resistência, não vamos determinar onde estão as fronteiras, expressamos nossa posição sobre as aldeias de Shebaa, mas essa posição só interveio após a declaração oficial do Estado libanês que qualificou que essas terras são libanesas.
O mesmo se aplica às fronteiras marítimas libanesas: não vamos nos envolver nessa questão. E mesmo que seja debatido no parlamento não vamos nos expressar, temos nossos argumentos, mas não vamos revelá-los, porque concluímos que não é do interesse do Líbano expressar nossa posição sobre essa delimitação, cuja responsabilidade recai inteiramente sobre o Estado. O Líbano não é fraco e a entidade sionista não poderá impor nada ao nosso país.
2- As manobras do domingo israelense:
Essas manobras israelenses vão durar semanas, todas as forças israelenses pretendem participar delas, e em meio do contexto da crise política israelense, nas negociações iraniano-americanas, no quadro das mudanças geopolíticas regionais e internacionais, peço prudência ou mesmo vigilância extrema. Estaremos em alerta máximo, tomaremos medidas de precaução longe dos olhos dos libaneses, em silêncio, acompanharemos e monitoraremos cada passo dessas manobras e por isso advirto os israelenses a não cometerem um ato de agressão ou militar contra o Líbano, não toleraremos nenhum erro da parte dos israelenses, mesmo que eles cometam um ato e afirmem que é por engano que haverá consequências para sua aventura.
O caminho da luta de libertação de todos é o caminho da justiça, o caminho pelo qual provaremos que estamos no terreno, prontos para qualquer eventualidade.
Source: Al-Manar