Entrevista do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, sobre a revisão de várias questões atuais, na noite de terça feira 08 de fevereiro de 2022
Redação do site
Em entrevista exclusiva ao canal de Televisão Iraniano de língua árabe Al-Alam, com foco na Revolução Islâmica de 1979 no Irã, cujo 43º Aniversário da Vitória é comemorado em poucos dias, o Secretário-Geral do Hezbollah libanês, Sayed Hassa Nasrallah, debruçou-se sobre o papel do Imã Khomeini na vitória e sobrevivência da Revolução Islâmica, não se esquecendo de mencionar o Eixo da Resistência , o papel do Hezbollah e as vitórias consecutivas dessa Resistência contra o eixo americano-israelense.
Primeiro, o Sayed Nasrallah afirmou que a chegada do Imã Khomeini após seu exílio no aeroporto de Teerã foi em si uma bela encarnação dos « Dias de Alá ».
“Há países que reivindicam seu apego à independência e soberania, enquanto seguem os ditames das embaixadas de outros países”.
“A República Islâmica do Irã é um modelo de independência e liberdade no mundo islâmico, e em todo o mundo. O Irã é um país com independência real e soberania completa, e é o povo que governa o Irã.”
No processo, o líder do Hezbollah insistiu na diferença entre o Islã legítimo e o que se poderia chamar de Islã americanizado .
“O Islã autêntico enfrenta a tirania e o crime, pois os Estados Unidos rejeitam a presença de uma religião que aplica a legitimidade em todas as suas ordens. O líder do movimento da Resistência libanês acrescentou que: « O Islã ao estilo americano tolera a realização de rituais e deveres como o Haj, a oração e o jejum do mês do Ramadã », acrescentando « Não interferem. Não é a mesma coisa como os palestinos. É por isso que os Estados Unidos mantém sua hostilidade à ordem islâmica dominante no Irã, pois é uma ordem independente e soberana que não aceita opressão ».
De acordo com Sayed Nasrallah, as alegações dos EUA de guerra contra o Irã são uma guerra psicológica para pressionar Teerã. “O Irã é um país soberano e os Estados Unidos estão ansiosos até mesmo para provocar uma guerra contra ». Os Estados Unidos nunca conseguiram e nunca conseguirão impedir o Irã de desenvolver seu programa nuclear pacífico.
Em relação a qualquer possível e alegado ataque israelense ao Irã, Sayed Nasrallah avisou que a resposta iraniana será muito mais devastadora. “Isso é o que assusta o regime de ocupação israelense”, acrescentou.
Sistema de defesa aérea da Resistência
O líder da Resistência alertou ainda que o Hezbollah responderá: « A qualquer operação militar do inimigo israelense », alegando ter « ativado o sistema de defesa aérea na Resistência Islâmica », entretanto, lembrando o momento em que dois drones israelenses caíram nos subúrbios do sul de Beirute em 2019.
« Nós não gostamos de guerra, e não a procuramos, mas não a tememos, e não abandonamos nosso país e os interesses do nosso país », acrescentando : « há coisas escondidas e bem planejadas para surpreender o inimigo em qualquer guerra vindoura ».
Hegemonia americana no Líbano
Em várias ocasiões, o líder do Hezbollah atacou os Estados Unidos e os acusou de interferência no Líbano em todos os níveis. « Estamos enfrentando a hegemonia política, de segurança, financeira e econômica americana no Líbano », afirmando a presença de oficiais americanos em Yarzeh (sede do Ministério da Defesa Libanesa). « A Embaixada dos EUA no Líbano é conhecida por ser a principal sede de inteligência americana na região ». Nasrallah também acusou a embaixadora norte-americana Dorothy Shea, de ter conversas escondidas com candidatos legislativos, para manipular e interferir nas eleições marcadas para maio.
Sua eminência afirmou ainda que a decisão de seu partido é « pura libanesa ». “Tomamos as nossas próprias decisões, e o Hezbollah coloca os interesses do Líbano em primeiro lugar”.
Em vez de nos acusar de receber orientações do exterior sobre o que devemos fazer em nosso país, o mais certo é discutir quem recebe as ordens das Embaixadas.
A delimitação das fronteiras
Como o enviado americano, Amos Hochstein, chegou a Beirute na terça-feira, Sayed Nasrallah foi questionado sobre a questão de delimitação das fronteiras marítimas, onde o Líbano e a entidade sionista deveriam reiniciar as negociações indiretas.
O líder do Hezbollah assegurou que essa decisão cabia ao Estado Libanês. “A decisão do governo será respeitada por nossa parte. Como Resistência, não interfiro (nesta questão) ». Nasrallah assegurou que não houve um « debate interno » dentro de seu partido sobre esta questão. “Não interferimos nas negociações de demarcação das fronteiras porque não reconhecemos a existência de Israel”.
E para enfatizar: « Somos contra qualquer normalização, cooperação ou coordenação com o inimigo, e esta é a posição oficial libanesa ».
A retirada de Hariri
Questionado sobre a decisão do Ex-Primeiro-Ministro libanês Saad Hariri de se aposentar da vida política, o líder do Hezbollah a chamou de « lamentável ».
« A sua ausência do partido Futuro terá um impacto significativo nas eleições, entretanto, as oportunidades de cooperação continuam a existir », acrescentando que a ideia que a retirada do Partido Futuro abrirá caminho para o extremismo é exagerada.
Propostas do Kuwait
Sobre as doze condições apresentadas pelo Kuwait ao Líbano, Sayed Nasrallah afirmou que: « Ninguém nos pediu uma resposta, a resposta é esperada pelo governo libanês ». No entanto, criticou o método do Kuwait por não ter sido um diálogo. Sua Eminência também indicou que seu partido não interfere nos assuntos internos dos outros países.
“Não interferimos nos Emirados nem na Arábia Saudita. Mas apoiamos o povo iemenita que há oito anos enfrenta uma guerra destrutiva por parte da Arábia », explicou.
« Quem pede ao Líbano ou a um partido que não interfira em seus assuntos internos deve primeiro parar de interferir em nossos assuntos internos”, lançou o Secretário-Geral do Hezbollah.
O Kuwait apresentou doze condições às autoridades libanesas no final de janeiro, durante uma visita de seu chefe de diplomacia a Beirute. Esta folha apela entre outras coisas « pelo desarmamento e dissolução de todas as milícias » e « pela extensão do controle do governo libanês em todo o seu território », numa alusão às armas da Resistência.
O objetivo da padronização
Questionado sobre os efeitos da normalização das relações com o inimigo israelense, junto com certos países, sobre o povo palestino, Sayed Nasrallah afirmou que: « O principal objetivo da normalização é que o povo palestino chegue à frustração e ao desespero, para que finalmente abra mão de seus direitos ».
“Os dados no terreno provam que o povo palestino, de todos os matizes, não tem escolha a não ser o caminho da resistência ».
« Falar sobre negociações ou uma solução de dois Estados na Palestina está fora de questão, tudo o que o governo inimigo quer da Autoridade Palestina é coordenação de segurança.”
Iêmen, Síria, Argélia
Em outro nível, Nasrallah declarou que : “As últimas operações iemenitas contra os Emirados constituem uma reação. É claro que essa resposta continuará se o envolvimento dos Emirados na guerra contra o Iêmen prossegue. O que protegerá os Emirados Árabes Unidos é a sua retirada da guerra contra o Iêmen e sua não interferência nos assuntos internos de outros países”.
Em relação à Síria, sua Eminência afirmou que: « A presença americana a leste do Eufrates sírio visa saquear petróleo e gás ».
O líder do Hezbollah também saudou: « A posição da Argélia sobre a questão palestina e sua rejeição da adesão de Tel Aviv ao status de observador com a União Africana ».
Fontes: AlManar