Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, na comemoração do dia do Mártir pela Resistência Islâmica ocasionado no dia 11 de novembro.
Redação do site
Por ocasião do dia do mártir, comemorado por 39 anos a cada 11 de novembro de cada ano, o Secretário – Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, prestou uma homenagem vibrante a todos os mártires, de todos os grupos da Resistência Islâmica, em todas as nacionalidades árabes que morreram no caminho da luta contra o projeto americano-israelense.
Nasrallah destacou os feitos alcançados por meio dos sacrifícios que fizeram e do sangue que derramaram e dos quais listou os mais importantes. Citando, entre outras coisas, a libertação da terra da ocupação israelense, a libertação dos detidos em prisões israelenses, a proteção do Líbano contra agressões israelenses, o fracasso do projeto americano por meio do terror takfirista e a obstrução da retomada da guerra civil no Líbano.
O líder do Hezbollah tem se concentrado principalmente no que considera ser o obstáculo à plena hegemonia americana : « A terra do cedro é garantida pela Resistência ».
“O sangue dos mártires impediu que a hegemonia dos EUA fosse completa no Líbano. Entendemos que existe uma hegemonia americana no Líbano, com certeza pesa em certos aparatos do estado, na economia, na sociedade, mas não é total. A prova é que os governantes libaneses resistiram e ainda resistem ao ditame e às pressões americanas exercidas por muitos anos sobre a questão da demarcação das fronteiras marítimas, em uma área rica em recursos de hidrocarbonetos. Essa hegemonia quer tirar os nosso direito, nessa área a quem é devido”.
Sayed Nasrallah, também se definiu, como o feito de martírio é uma ameaça existencial, que pesa em Israel mais do que nunca, pela primeira vez em sua história, e que agora este feito é a principal fonte de preocupação dos líderes e da elite israelense.
“Podemos constatar que as manobras militares israelenses se multiplicaram nos últimos anos, e que são realizadas perto da fronteira com o Líbano. Eles temem a Batalha da Galiléia mais do que nunca em sua previsão, e presumem que a Resistência irá atacá-los. O que terá consequências desastrosas para a entidade sionista e para a sua existência”, explicou.
O líder do Hezbollah continuou seu discurso ao abordar : « A crise provocada pela Arábia Saudita no Líbano », em resposta às declarações do Ministro libanês George Kordahi nas quais ele descreve a guerra travada pela coalizão Riade liderada por vários países árabes contra o Iêmen como: « Uma guerra absurda », acreditando que a organização Houthi iemenita Ansarullah defende seu país.
Nasrallah mencionou três possibilidades para identificar as verdadeiras causas:
Primeira: Os sauditas desconheciam genuinamente as declarações do ministro Kordahi e se ofenderam ao ouvir falar delas.
Nesse caso, Nasrallah sentiu que : “A reação saudita é exagerada para um país que se considera amigo do Líbano ». Em alusão à convocação de seu Embaixador no Líbano, a demissão do Embaixador libanês na Arábia e a cessação das importações libanesas. E para lembrar que tanto a Síria quanto o Irã, sao vítimas de uma campanha desenfreada e não adotaram tais medidas hostis.
A segunda suposição feita por Nasrallah é que os sauditas realmente acreditavam que Kordahi seria destituído do cargo e que assim poderiam continuar sua pressão sobre o Líbano.
A terceira possibilidade é que o caso Kordahi tenha sido apenas um pretexto usado pelos sauditas em sua batalha contra o Hezbollah.
Lembrando que essa batalha vem sendo travada pela liderança saudita desde a guerra de 2006, quando instou os israelenses a dizimarem a Resistência, porém, os resultados dessa guerra frustraram suas expectativas.
“Os sauditas agora querem que seus aliados libaneses lutem contra o Hezbollah, não pelo bem da Arábia Saudita, mas pelos israelenses e americanos. Eles querem uma guerra civil. No entanto, no Líbano, seus aliados não querem uma guerra civil ou não podem travá-la”, concluiu.
Em resposta à propaganda saudita de que o Hezbollah exerce sua hegemonia sobre o Líbano, Nasrallah retrucou que embora seja: « O partido mais poderoso do país », permanece o fato de que é incapaz, por exemplo, de »forçar o governo libanês a demitir um juiz que o Hezbollah considera preconceituoso e politizado em sua investigação sobre a explosão no Porto de Beirute. Em alusão ao juiz Tarek Bitar. Segundo ele, não conseguiu entregar diesel nos portos libaneses, e sim nos portos sírios, nem persuadir a liderança libanesa a restabelecer relações com a Síria que serve os interesses libaneses conseguimos .
Sobre a questão do Iêmen, Nasrallah, negou um boato tão forte que, antes de suas negociações com os iranianos, as autoridades sauditas precisavam voltar ao Hezbollah para resolver seu conflito com a organização Houthi Ansarullah.
“Isso nunca aconteceu. Em nenhum momento os iranianos fizeram tal proposta. Disseram-lhes sobre a questão do conflito iemenita para se discutir com os Houthis ou com os próprios iemenitas. Os iranianos nunca interferem nos assuntos internos de outros países. Nem com o Líbano”, garantiu.
Assegurar com veemência que: “Os avanços militares dos Houthis são fruto de sua luta”, e não do Hezbollah e são eles que fabricam suas próprias armas.
“Mas que os sauditas não podem acreditar por causa de sua arrogância. Eles não podem admitir que os iemenitas fossem tão inteligentes. Conselhos para que acabem com a guerra, negociem com os Houthis”, aconselhou.
Sayed Nasrallah encerrou seu discurso com uma nota sobre o Líbano declarando que não se trata de nenhuma troca entre o caso do porto de Beirute e de Tayyouné.
Sayed estava respondendo à especulação da imprensa de que o Hezbollah poderia desistir de processar aqueles que mataram manifestantes que protestavam em Tayyouné contra o preconceito do Juiz Bitar, em troca da demissão deste último.
“Todos são mártires, são do nosso povo, os de Tayyouné e os do porto de Beirute. Em ambos os casos, é necessário estabelecer a verdade dos fatos, para que a justiça seja feita. Não há dúvida de sacrificar um arquivo pelo outro », abordando isso, mais uma vez, acusava o partido das Forças Libanesas de ser responsável pelas mortes de Tayyouné.
As principais ideias do discurso
A ação mais importante da história da Resistência
Deus diz em seu livro sagrado:
((Aqueles que acreditaram em Allah e Seus Mensageiros são os grandes e verdadeiros e testemunhas de seu Deus. Eles terão sua recompensa e sua luz, enquanto aqueles que descreem e mentem aos Nossos Sinais, estes são os povos do inferno))
Hoje comemoramos o dia do Mártir
Observe que esta ocasião remonta a 11-11 de 1982, quando o precursor das operações de martírio, o jovem que não tinha passado dos 20 anos, com seu carro bomba, dirigiu-se em direção à sede do governador israelense em Tiro, matando mais de 100 oficiais e soldados israelenses, causando o mais doloroso impacto no inimigo israelense em sua história.
Esta operação é até agora a mais importante de todas as operações da Resistência, a mais dolorosa para os israelenses, na esperança de que uma operação tão importante possa ser realizada no futuro.
O Hezbollah escolheu este dia na história da Resistência no Líbano e na região para ser o dia de todos os mártires.
É uma comemoração anual, de todos os mártires e do Mestre dos mártires, Sayed Abbas Al-Moussaoui, sua esposa Oum Yasser, seu filho Hussein, o feliz Cheikh Ragheb Harb, nossos comandantes incluindo Haj Imad Moughniyeh. De todos os nossos mártires das operações de martírio e de todos aqueles que defenderam nosso país e a Umma, além de ser o dia das famílias dos mártires.
Em nossa cultura, o martírio goza de grande prestígio. Nosso encontro é uma ilustração disso. Nós os estimamos em relação à nossa religião, à vida dos nossos profetas. É o próprio Deus quem os honra, dizendo que os mártires estão com ele. Versos do Alcorão e citações proféticas falam dessa vida, sua posição, sua proximidade com Deus. Isso faz parte de nossas constantes doutrinas.
Acreditamos nisso não porque estes homens são próximos de nós ou são nossos amigos, mas por causa deste valor do Alcorão que lhes é concedido.
Mesmo os mártires antes do Islã, o Alcorão os apresentou como exemplos a seguir, por sua perseverança da palavra de Deus no difícil e complexo caminho da fé.
Os seguidores do Profeta Jesus, o Messiah, foram perseguidos e torturados, alguns foram queimados vivos, porém permaneceram apegados à fé. Eles também considerados mártires, pois o Alcorão fala sobre o povo de Okhdud.
Os casos das historias passadas são semelhantes as de hoje em vista das pressões exercidas sobre os crentes. Sempre houve essa ameaça de ou rejeitamos nossa fé, ou estamos sujeitos a dores e infortúnios.
Saber que o primeiro mártir no caminho para o Islã foi uma mulher, Umm Ammar, Soumayya, e seu marido, o velho Abu Ammar. Isso é icônico.
Sabendo que os mártires de Badr e os mártires de Karbala têm um favor especial, dadas as causas e consequências de sua batalha.
Vemos grande riqueza espiritual e emocional nos mártires; sua bênção enche nossas cidades, aldeias e nossas famílias. Eles nos dão amor, nos infundem um espírito imortal, enchem nossos olhos de lágrimas e fazem os nossos corações vibrarem.
Os Mártires são uma riqueza cultural
Todos nós devemos ler os testamentos dos mártires, apesar de muitos deles serem jovens, para aprender mais sobre vida e seus valores.
Imam Khomeini recomendou a leitura destes testamentos, pois carregam mensagens éticas, espirituais e gnósticas.
São de uma riqueza cultural inestimável.
Eu, pessoalmente, recomendo a leitura.
Também é necessário escrever a biografia destes mártires.
Honramos e glorificamos as famílias dos mártires que permaneceram apegados a este caminho tortuoso, estão sempre dispostos a dar ainda mais, o máximo.
Quando no passado tive a honra de visitar essas famílias, e quando nossos irmãos as visitam, ouviram dos pais e mães dos mártires, dizerem que estão dispostos a oferecer seus filhos e filhas para seguirem este caminho e alcançarem objetivos.
Imam Khomeini disse que os mártires são os olhos e o coração deste caminho e que avançamos com firmeza e assiduidade graças à sua fidelidade e à sua coragem, porque são eles que estão à frente.
Uma de nossas primeiras responsabilidades é reconhecer seu favor e agradecê-los. Negar isso leva à perdição
Conhecemos as virtudes dos mártires, de todas as correntes combinadas, daqueles que caíram como mártires diante dos projetos da hegemonia americano-sionista, da Resistência palestina, dos mártires do Movimento Amal, da Frente da Resistência Nacional Libanesa, etc. Eu agradeço a todos.
As façanhas do sangue dos mártires
Eu vou passar para a parte política
As façanhas dos mártires são tangíveis. Por outro lado, vocês sabem da polêmica no Líbano, perguntamos a eles (aos nossos adversários, nota do editor) quais façanhas vocês realizaram, longe do barulho da mídia e das redes sociais.
Pela bênção dos mártires do Hezbollah, Amal, a Frente de Resistência Nacional Libanesa, as façanhas históricas são brilhantes e continuam no tempo e no espaço.
A libertação do território libanesa só foi possível graças aos sacrifícios que fizeram. Quem teria pensado que este inimigo arrogante, apoiado por forças multinacionais, poderia se retirar de Beirute, e se esconder nas alturas das montanhas, no sul do país.
Outra façanha: A libertação dos presos em cadeias israelenses foi possível graças a esse sangue.
Outra façanha: A proteção do Líbano contra as ofensas do inimigo israelense.
O sangue dos mártires abortou o projeto americano quando usou o terrorismo takfirista na região.
Nas últimas semanas, falou-se de contatos entre líderes árabes com o presidente sírio, Bashar Al-Assad. É uma admissão de derrota da parte deles, pois o plano era uma guerra mundial contra a Síria, mas já foi um revés.
Insisto em exprimir essa posição deste ângulo, o dos mártires e dos mujahedins. Uma façanha ainda da força é impedir a retomada da guerra civil que ainda está planejada.
Da mesma forma, este sangue obstruiu a hegemonia externa total sobre o Líbano, que visa impedir um Líbano soberano, independente e livre.
Voltarei a isso mais tarde no discurso.
Preocupação existencial sem precedentes entre israelenses
A essência dessas façanhas está no confronto com o inimigo israelense; seu título é a preocupação dos israelenses que sentem hoje na era da padronização das relações com os países árabes.
Eles estão mais preocupados do que nunca. Podemos ver isso nas manobras militares que realizam todos os meses, enquanto no passado eram mais espaçados. Esses exercícios são realizados perto do Líbano. E certamente não é porque só existe no Líbano uma orquestra musical, como zombavam no passado do Líbano. Agora, pela primeira vez em seus 70 anos de história, a entidade sionista tem medo do Líbano.
Este entidade não tem medo de uma concha ou de uma Katyusha, pois teme um ataque em grande escala sobre uma grande área ao norte como parte da Batalha de Al-Jalil (Galiléia).
Motivo pelo qual manipulam a geografia, constroem muros e trazem os batalhões e soldados para realizarem manobras uma vez por mês ou cada três meses. Eles pensam isso assumindo que a resistência se renderá a Al-Jalil na próxima batalha.
Essa batalha está presente em sua cultura, em seus cálculos. Os comandantes militares estão seriamente preocupados.
É a prova de que o israelense confia na Resistência, na credibilidade de suas promessas, nas capacidades e na grandeza de seus homens e de seus lutadores.
A questão não está nos milhares ou centenas de quilômetros que a Resistência poderia conquistar, mas nas perigosas consequências para a entidade sionista. Eles percebem essa questão deste ângulo estratégico e não do prisma de uma visão territorial.
Pela primeira vez, a entidade sionista está experimentando uma preocupação existencial genuína, uma preocupação com os mísseis precisos da Resistência.
E eles se preocupam com a guerra contra o Líbano.
Hoje, as pessoas no Líbano esqueceram a guerra. A maior preocupação é dos problemas econômicos como óleo combustível, dólar e eletricidade entre outras.
Mesmo regionalmente, essa preocupação foi exasperada após a Operação Saif al-Quds (Espada de al-Quds). Siga o que os líderes militares israelenses estão dizendo, e sua preocupação com o Eixo da Resistência.
Alguns no Líbano fazem avaliações e expõe na mídia, que o Eixo da Resistência está enfraquecendo, porém todos os dados mostram exatamente o oposto.
Esta é a primeira vez que a entidade israelense experimentou uma preocupação existencial tão profunda.
Eles estão tentando ganhar fôlego por meio da normalização nas relações com os países árabes. Mas eles sabem muito bem que esses países nunca poderiam proteger-los, nem seus muros, nem suas cidadelas dos homens da Resistência no Líbano, na Palestina e em toda a região.
Da mesma forma, vemos o que está acontecendo atualmente na Palestina ocupada, esta violência contra detidos e habitantes palestinos de 48 e da Cisjordânia e o cerco da Faixa de Gaza como um sinal de preocupação, é por isso que eles recorrem a tanta violência.
E esta é uma das principais façanhas dos mártires
Obstruir a hegemonia total dos EUA
Outra seção sobre as façanhas desses mártires
Certamente não afirmaremos ter libertado o Líbano da hegemonia americana que ainda é tão pesada, em vários níveis. Queremos esta libertação, que às vezes estamos sujeitos a isso e outras não.
O Líbano não está livre da hegemonia americana, é vigoroso em mais de um nível, oficial e popular. Porém, impedimos a hegemonia total.
O Líbano pode se reerguer, mas falta-lhe vontade política para recusar os ditames americanos sobre a demarcação das fronteiras marítimas, onde cada centímetro é de grande valor. Esta área controversa nas fronteiras marítimas, é o direito do país, porque contém o petróleo e o gás que o Líbano precisa mais do que nunca.
Até agora o Estado se recusou a submeter-se aos ditames dos americanos que querem uma delimitação abaixo da linha 23. Eles estão traindo o Líbano ao propor um compromisso na linha Hoff, ou seja, abaixo da linha estrita. Mínimo que é unânime entre os Libaneses.
Por que o Líbano conseguiu se mantiver firme e rejeitar o ditame americano na delimitação das fronteiras? Pela simples razão de que conta com a força do sangue dos mártires, com a força de quem vive entre nós, com a força de Resistência capaz de dissuadir o inimigo e os que estão por trás do inimigo, dissuadindo-o de pegar um grão de areia ou uma gota d’água e ainda mais sobre os recursos libaneses.
Este é o significado de que todo o Líbano não se encontra no quadro da hegemonia americana total. E as autoridades libanesas estão sob pressão há anos durante o mandato de Trump e seu genro Jared Kouchner.
Esta é a uma batalha de soberania.
Aspiramos ser um governo independente e livre de verdade.
Uma das concretizações desta independência é recusar ditames estrangeiros.
O estado que os admite mente quando diz que é soberano.
Isso é claro e límpido.
A Arábia Saudita é amiga do Líbano?
No último ponto, quero abordar a última crise provocada pela Arábia Saudita contra o Líbano. Não quero complicar as coisas. Mas queremos esclarecer as realidades. Estamos enfrentando uma injustiça.
Em primeiro lugar, os fatos que todos vocês conhecem: Foi divulgada uma declaração do Sr. Kordahi sobre a guerra no Iêmen, dando sua opinião normal e não é agressiva, cuja entrevista foi feita quando Kordahi ainda não era ministro. Porém a crise estourou e continua ainda.
Para entender as coisas, existem várias possibilidades
A primeira é que os sauditas não tinham conhecimento dos comentários de Kordahi e ficaram ofendidos quando souberam disso. É uma probabilidade e sua campanha pode ser uma reação.
Diante dessa possibilidade, quero comentar:
Primeiro ponto que já foi dito e que vou repetir: A reação saudita é exagerada demais, e até incompreensível. Entretanto, declarações semelhantes, e ainda mais duras, foram feitas por políticos do mundo árabe, no governo Trump e pela ONU porém não houve reação saudita. Por que com Kordahi houve?
Outra observação: A Arábia Saudita de acordo com sua doutrina é governada pelo Islã; seu Rei é o servo dos dois Harams e em sua bandeira está inscrito « Mohamed, o mensageiro de Deus » . Nos últimos anos, algumas partes insultaram o profeta Mohamed e seu governo os protegeu. Mas a Arábia nunca reagiu ou dispensou seus embaixadores ou convocou seus próprios.
As palavras do Sr. Kordahi seriam mais sérias do que as proferidas contra o ser do Profeta do Islã.
Por outro lado, a Arábia se apresenta como uma amiga do Líbano, porém seu único problema é com o Hezbollah.
Será que isso é uma relação de amizade quando insultando os libaneses, proibindo as importações. É uma pergunta que dirijo aos amigos da Arábia no Líbano.
A Síria que é amiga do Líbano, seu presidente foi insultado por mais de 16 anos, seu povo foi humilhado por ex-presidentes libaneses, ministros, deputados e a mídia e ainda enviaram milicianos e armas para lutar contra o Estado sírio.
Mas quando tivemos o problema da eletricidade no Líbano que afeta todos os aspectos da nossa vida e quando os americanos decidiram levantar o embargo ao gás egípcio e à eletricidade jordaniana, que inevitavelmente teriam que passar pela Síria, que aceitou a ajuda, nem recusou e nem mesmo pediu para aqueles que o insultaram e agrediram e apoiaram a guerra mundial contra o país a desculparem. Este é o amigo.
O mesmo vale para a República Islâmica do Irã, que é vítima de todos os tipos de insultos de várias autoridades, incluindo ex-presidentes no Líbano.
Irã nunca lembrou aos libaneses que foi com sua ajuda que derrotaram o inimigo israelense, continua oferecendo todo tipo de ajuda: metrô, óleo combustível pago em moeda nacional, usinas de energia e tudo o mais que for necessário. Porém, parte dos políticos se recusa a aceitar, apesar das relações de amizade entre os dois países.
Aos amigos da Arábia, pergunto: « é assim que um país amigo se comporta com um povo amigo, ao travar uma campanha regional por um simples problema com um ministro? »
Apoiamos a posição do Ministro Kordahi de se recusar a renunciar. O primeiro sinal de fraqueza foi a renúncia do ministro da Cultura, Charbel Wahbi, que poderia se contentar em se desculpar. Mas essa mudança deu à Arábia uma desculpa para fazer mais. A Arábia se permitiu ditar seus termos ao Líbano.
É um Estado digno e soberano?
Depois do Estágio A com Charbel Wahbi, passamos para o Estágio B com George Kordahi e as condições sauditas não terminam aí.
Para aqueles que lhe pediram que renunciasse pelo interesse nacional, eu dirijo uma pergunta: O interesse se realiza curvando-se ao ditame, sendo humilhado?
Um pretexto para uma guerra civil no Líbano
Segunda possibilidade
Os sauditas pensaram que Kordahi realmente iria desistir, mas quando ele se recusou a fazê-lo e ninguém admitiu que o houvesse despedido, a Arábia travou um conflito contra o nosso país.
E a terceira possibilidade que acompanha a segunda: A Arábia busca pretexto para provocar uma crise com o Líbano. Isso faz parte da batalha contra a Resistência, contra o Hezbollah como um projeto de resistência no Líbano.
Desde 2006, a Arábia trava esta batalha: Não é segredo o papel saudita na guerra de 2006, nem o incitamento saudita a Israel para continuar a guerra até que a Resistência seja erradicada. Mas as coisas terminaram com resultados contrários às expectativas
Eles agora querem que seus aliados lutem contra o Hezbollah, não pelo bem da Arábia, mas pelos israelenses e americanos e seus projetos.
As relações dos sauditas com seus aliados locais é de tanta difamação pois estes não podem ou não querem uma guerra civil no Líbano.
Então, a Arábia causou essa crise.
Tem continuado desde 2006, guerras, provocações e incitamento à guerra civil.
A mentira sobre a hegemonia do Hezbollah sobre o Líbano
Qual é o pretexto apresentado: O Ministro das Relações Externas acusou o Hezbollah e deu dois pretextos: A hegemonia do Hezbollah no Líbano e sobre o Estado e que quer libertar o Líbano desta hegemonia (risos), pois nos meios da comunicação trabalham esta retórica.
O segundo é sobre a guerra no Iêmen.
Para esclarecer coisas sobre a hegemonia do Hezbollah no Líbano. Os libaneses sabem que essas palavras estão no ar, todo mundo sabe que isso não é verdade.
Sinto-me compelido a falar sobre essas alegações infundadas e espúrias. O mesmo acontece com a questão da chamada hegemonia iraniana sobre o Líbano.
Não nego que somos um partido influente na vida política, somos até o maior partido do Líbano politicamente, organizacionalmente, estruturalmente. Mas não exercemos hegemonia sobre o Líbano
Outros protagonistas têm grande influência no aparelho de estado, especialmente na justiça libanesa, apesar de serem menos poderosos do que nosso partido.
Vários exemplos ilustram bem isso:
No caso da Explosão do Porto de Beirute, fiz cinco discursos nos quais condenei o preconceito e a politização do juiz de instrução, e depois disso organizamos uma manifestação e houve mártires que caíram.
Qual é, então, o partido que exerce sua hegemonia e não consegue destituir um juiz que o considera preconceituoso e politizado em um assunto tão delicado?
Sobre o assunto dos navios a diesel que trouxemos do Irã, o governo nos pediu que não atracássemos os petroleiros nos portos libaneses, mas nos da Síria.
E nós obedecemos e tivemos que carregá-lo por terra por centenas de quilômetros. Isso poderia ser hegemonia?
Além disso, há mais de 15 anos reclamamos o restabelecimento das relações com a Síria, no interesse do Líbano, economicamente, de serviços, de transporte de mercadorias para exportação.
Acreditamos que a salvação do Líbano está em uma relação complementar com a Síria. Pedimos que aceitem, mas sem sucesso. Isso poderia ser hegemonia?
Esta é a maior mentira de todas. O mesmo é verdade com a propaganda sobre a ocupação iraniana no Líbano, que é uma farsa ainda maior.
O Hezbollah não tem nada a ver com as façanhas do Iêmen
Duas palavras sobre o Iêmen: Desde o início da guerra contra o Iêmen, o Hezbollah apoiou abertamente o Iêmen e Ansarullah. Portanto, o nosso canal Al Manar foi tirado do satélite Arabsat, entretanto aceitamos essa sanção fazendo esse sacrifício. Nós nunca protestamos.
Nos últimos dias, a ofensiva da mídia do Hezbollah contra a Arábia na questão do Iêmen estava em baixa, porque atualmente estamos realmente envolvidos nos assuntos internos do Líbano. Eles não tinham razão para isso.
O problema que agora surge com o Iêmen é sobre a questão de Ma’rib e as centenas de bilhões de dólares árabes foram gastos em vão. É um grande fracasso para a Arábia e os americanos. David Schenker disse isso abertamente: Se Ma’rib cair, será um grande fracasso para os sauditas e americanos.
Alguns dizem que esta crise foi provocada para pressionar o Líbano e depois o Hezbollah para pressionar Ansarullah.
Colocar isso é totalmente ilógico. A verdade é que o Hezbollah não tem nada a ver com as façanhas no Iêmen, pois não precisa de novas fontes de orgulho.
Consta que durante as negociações entre os sauditas e os iranianos, estes se propuseram a falar com o Hezbollah sobre a questão iemenita, alegando que exerce certa influência mais do que os iranianos. Mas essas palavras nunca foram ditas. O assunto do Líbano não foi discutido durante as conversações entre Irã e Arábia Saudita.
Os iranianos não disseram nada aos sauditas além de negociar com os iemenitas e que eles não podem negociar em seu nome ou em nome de qualquer povo.
Os sauditas podem imaginar que quem lidera as frentes no Iêmen é o Hezbollah, isso é uma ilusão.
As vitórias foram conquistadas com os bons planejamentos dos iemenitas, além da sua inteligência e sua sabedoria. É uma vitória divina exclusivamente para os iemenitas. Não temos nada a ver com isso.
O problema está no fato de que a razão dos sauditas, por sua arrogância e desrespeito, não pode admiti-lo.
Eles não querem acreditar que os Houthis fazem todas as suas armas sozinhos.
A Arábia não tem o direito de sancionar todo o Líbano e todos os libaneses. Deixe-os fazer suas próprias coisas com o Hezbollah e deixe os libaneses em paz. Deixe-os observar os americanos que descobriram que suas sanções afetaram o povo libanês e seus aliados começaram a rever suas posições. Vamos ver se eles vão continuar ou não.
Para acabar a guerra contra o Iêmen, há só uma maneira: aceitar o cessar-fogo, suspender o embargo e ir para as negociações políticas. Nada mudará a posição dos iemenitas enquanto eles estiverem triunfantes hoje. Nem os EUA, nem o Conselho de Segurança, nem a Liga Árabe, nem o rompimento de laços diplomáticos, nem a criação de crises com estados árabes como o Líbano ou outros, vai mudar nada.
No que nos diz respeito, apelo à paciência e à serenidade para a preservação da nossa soberania e da nossa dignidade nacional. Não queremos litigios e não causamos esta crise.
Mas se quiserem punir o Líbano a todo custo, os libaneses terão que decidir.
Neste dia do Mártir, prometemos aos mártires que seguiremos seu caminho e alcançaremos seus objetivos. Pedimos a Deus que nos conceda o martírio também.
FIM
Fonte: Al-Manar