Discurso do Sayed Hassan Nasrallah na lembrança do martírio dos dois grandes líderes jihadistas Qassem Soleimani e Abu Mahdi Al-Mohandes, dia 03 de Janeiro de 2021.
Redação do site
Fidelidade e lealdade à memória dos comandantes martirizados, foi a primeira recomendação dada pelo Secretário-Geral do Hezbollah em seu discurso televisionado no domingo, 03 de janeiro, por ocasião da lembrança do martírio do líder da força de guardas Al-Quds, o General Qassem Soleimani morto em um ataque americano em 03 de janeiro de 2020, ao lado do vice-chefe de Hachd Al-Chaabi Abu Mahdi Al-Mohandes, e 10 de seus companheiros iranianos e iraquianos.
Segundo a sua eminência, devemos mostrar lealdade, fidelidade e gratidão a estes comandantes mártires e a todos os outros mártires do Eixo da Resistência, « Fidelidade que é a garantia da continuidade dos seus caminhos e uma gratidão que o próprio Deus recompensa com a vitória”.
Segundo ele, “Esta fidelidade ao sangue desses mártires nos inculca a evitar colocar os algozes e as vítimas em pé de igualdade e nos incentiva a distinguir entre amigos, inimigos e aqueles que permanecem neutros”. Equação que, segundo ele, vale para todos os países do Eixo.
Nasrallah continua:
“A lealdade é um valor inato, moral, religioso e unânime. Saiba que por ser leal, os benefícios dessa lealdade vão para aquele que é leal. Os mártires não precisam dessa lealdade. Por sermos leais aos nossos mártires que nos defenderam, se sacrificaram por nós e se responsabilizaram por nossas causas, essa lealdade é incutida em nossos filhos e, portanto, constitui uma continuidade no futuro”.
Segundo Sayed Nasrallah, devemos antes de tudo dedicar lealdade ao Haj Soleimani que esteve presente em todas as áreas do Eixo da Resistência.
“Nunca devemos negar suas contribuições e devemos reconhecer seus benefícios, devemos também memorizá-los e relembrar seus sacrifícios e façanhas. Devemos honrar esses mártires, devemos agradecê-los por seus sacrifícios, publicamente ». Obrigado Haj Qassem Soleimani e obrigado Abou Mahdi AL-Mohandes e obrigado a todos os mártires e a tudo o que eles representam e por tudo o que têm oferecido aos nossos povos e às nossas causas.
Deus, que não precisa de nós, pede-nos que lhe agradeçamos e diz-nos que se lhe agradecermos, nos retribuirá dando-nos a vitória.
A gratidão pelos benefícios alheios tem efeitos muito importantes: a lealdade, a sinceridade e o reconhecimento dos favores concedidos pelos outros os encorajarão a serem mais capazes de agir, mais entusiastas, mais corajosos e mais experientes.
Desde as primeiras horas que se seguiram a este martírio até hoje, observamos constantemente cenas importantes de fidelidade e lealdade.
Na República Islâmica do Irã, vimos as reações populares condenando o massacre, o afluxo de pessoas às praças e ruas e sua participação massiva nos funerais dos mártires, que foram os funerais mais importantes da história da humanidade ou um dos mais importantes. Esta é certamente a expressão de lealdade e gratidão.
Entre os iranianos, vimos isso em todos os níveis, em todas as regiões, todas as categorias, os funcionários, o governo, o Líder Supremo Imam Khamenei, entre o povo, juntos apresentaram todas as formas de respeito à memória dos mártires e prestaram à eles uma grande homenagem.
O anúncio feito pelo Imam Khamenei de que Haj Qassem é um herói nacional, uma condecoração que equivale ao título honorário mais alto do Irã mostra a homenagem prestada a ele. « Também no Iraque vimos essas mesmas cenas de lealdade, no Iêmen, na Palestina, no Paquistão, na Venezuela e em outras capitais do mundo ».
Referindo-se aos serviços que o mártir Soleimani e o Irã prestaram ao Líbano, Nasrallah enfatizou a posição a ser tomada pelo Hezbollah em particular:
“No Líbano nos preocupamos em lembrar e homenagear todos aqueles que permaneceram ao nosso lado, desde os primeiros dias da invasão israelense em 1982, quando o exército de ocupação israelense invadiu os territórios libaneses e poderia ter chegado à Síria. O Irã naquela época estava ocupado em sua guerra imposta, mas o Imam Khomeini não concordou em desistir do Líbano e enviou uma alta delegação da Guarda Revolucionária e do exército iraniano a Damasco, onde reuniu-se com autoridades sírias. Mas a invasão israelense parou no oeste de Bekaa e a Síria não foi mais ameaçada. No entanto, alguns membros dos guardas permaneceram no Líbano para ajudar os libaneses, treiná-los e adapta-los para lutar e resistir à invasão israelense.
Irã e Síria foram os melhores apoiadores do Líbano
Ao contrário de outros países árabes que certamente gastaram bilhões de dólares, mas não para defender o Líbano, mas para incitar os libaneses à fazer uma guerra civil para cada um destroir o outro.
« Quem financiou, treinou, adaptou, armou e ajudou os combatentes da resistência no Líbano foi o Irã. A resistência, desde o ano 2000 até hoje, protege o Líbano a preservar seus direitos e sua soberania dando ao país a liberdade de defender e proteger seus recursos de hídricos”.
Sayed Nasrallah criticou a cobertura tendenciosa de alguns meios de comunicação árabes, incluindo o canal de televisão da Arábia Saudita Al-Arabiya, que distorceu declarações recentes da Força Aérea da Guarda Revolucionária Amir-Ali Hajizadeh, dizendo que os mísseis de Gaza e do Líbano estão para defender o Irã e enfrentar Israel.
Nasrallah adicionou: “É verdade que o Líbano está na linha de frente desde 1948 sendo por muitas décadas uma vítima contínua dos ataques israelenses. Mas hoje a situação é totalmente diferente, o nosso país impôs uma força de dissuasão com Israel ».
Por isso podemos encontrar vários estados que tem interesses no Líbano, em especial por causa dessa resistência, seus mísseis, armamentos e todas as ajudas concedidas pelo Irã e por Haj Soleimani.
Além disso, o líder do Hezbollah deu outra definição de lealdade:
“Lealdade não é se misturar entre o inimigo que usurpa nossa terra e viola nossos direitos, e’ aquele que nos dá toda ajuda e apoio que precisamos ».
Não podemos colocar no mesmo pé de igualdade aquele que participa da nossa resistência, na libertação de nossas terras e de nossos presos das prisões israelenses e, a seguir, impor uma força de dissuasão àqueles que foram atingidos por nossa vitória em 2000 e depois na Guerra de 2006.
As facções palestinas e o povo não podem colocar em pé de igualdade quem os apoia e assume todos os riscos para conseguir o que precisam para se defender, e quem trama com os americanos e impede a ajuda enviada ou impedir que essas ajudas chegassem.
Isso aconteceu também na guerra da Síria entre os inimigos que se juntaram para a destruição do país e entre os amigos que correram para dar ajuda e apoio. É o mesmo para o Iraque, para o Afeganistão, Iêmen e vários outros países. É preciso saber distinguir o inimigo do amigo, o justo do traidor.
« Vimos como os povos da região manifestaram a sua fidelidade nestes últimos dias dessa lembrança e teremos de continuar fortes e firmes no nosso caminho », concluiu no primeiro título da sua intervenção.
Em seu segundo título, Sayed Nasrallah destacou as consequências do assassinato dos dois comandantes mártires na situação regional.
Ele disse:
“A força do efeito do incidente ficou evidente desde o primeiro dia e depois, ao longo do ano seguinte, repercutiu nos sentimentos e nas equações políticas e da segurança ».
Hoje existe uma grande preocupação na região. Os israelenses diminuíram o nível de mobilização militar e de segurança conforme esta comemoração se aproxima. Esses atos elevam o nível da tensão nos estados e depois de cada incidente não sabemos para onde a região pode ser levada.
Os americanos também se comportam com expectativa e preocupação. Os irmãos no Irã presumem que Trump pode estar tramando algo no final de seu mandato.
Este incidente é imperativo
Há um ponto muito importante de ser mencionado, pois alguns libaneses acreditam em que o Irã confiará a um dos seus amigos ou agentes para vingar a morte do Soleimani. Posso dizer que, o Irã nunca pede isso. Irã e’ que vai retaliar militarmente e sabe onde e como responder estes atos.
O assassinato do grande cientista Fakhrizadeh ocorreu em uma operação de segurança. O Irã será capaz de responder a isso militarmente como fez após o martírio de Qassem Soleimani. Todos precisam saber que o Irã não é um país fraco, pois sabe como e onde se defender e com os meios adequados.
Temos que saber diferenciar entre o Irã e os outros países amigos. Irã sabe se defender sozinho, sem precisar de amigo ou aliado, enquanto os outros países ricos pedem ajuda dos EUA para defender suas fronteiras e seu trono.
Na terceira parte de seu discurso, o líder da resistência libanesa falou sobre a reação deste último e do Eixo à perda do General Soleimani
“O Eixo da Resistência foi capaz de absorver esse ataque gravíssimo. A perda é certamente muito grande, deve-se admitir ».
Os EUA e seus amigos presumiram que, ao matar Soleimani, a situação se agravaria no Iraque, tendo Qassem Soleimani o elo entre os vários protagonistas do Eixo.
« Na nossa cultura, nós sabemos transformar ameaças em oportunidades e derramamento de sangue em motivo para seguir o mesmo caminho, com sentimentos mais precisos e com um sentido de responsabilidade ainda mais agudo ».
« Eu digo aos americanos, aos israelenses e a todos os membros de seu eixo, que vocês não ganharão nada matando nossos líderes e nossos povos ».
Sempre fica em nossas lembranças a palavra do Imam Khomeini: “Quanto mais você nos matar, mais nossos povos estarão acordados ».
» Uma frase que o Sayed Abbas Moussaoui gostava de repetir sempre. E com o martírio do Sayed Abbas vimos como o seu sangue floresceu fortalecendo a resistência no Líbano, enquanto os inimigos pensavam que matando-o, a nossa resistência fosse enfraquecer ».
« Quando você mata nossos líderes, nos tornamos mais teimosos, mais responsáveis, mais perseverantes para compensar sua perda e continuar seu caminho de luta. Aqueles que apostam que assassinatos, bloqueios e carros-bomba vao nos derrotar vivem na ilusão”.
Em seu quarto título, Nasrallah sublinhou que para o Hezbollah e o Eixo da Resistência, Qassem Soleimani é « um herói mundial ».
“Haj Qassem é um herói global, e’ um símbolo de sacrifício, lealdade e defesa dos oprimidos, de todos os oprimidos, muçulmanos e não muçulmanos. Soleimani não defendeu apenas os xiitas, mas também os sunitas, os cristãos, até a Venezuela e todos os povos oprimidos ».
Segundo ele, as características do mártir são as mesmas de comandantes mártires como Imad Moughniyeh e Moustafa Badreddine, e ilustram sua propensão a ser « um símbolo e um herói mundial ». “Principalmente porque esteve presente em todas as regiões de guerra”.
Indicando que sabemos apenas um pouco sobre os trabalhos de Soleimani e isso é mínimo em comparação com suas contribuições e os sacrifícios que fez, Nasrallah insistiu que estes trabalhos serão revelados quando chegar a hora certa.
Na última parte de seu discurso, Nasrallah disse focado no futuro e na continuação do caminho.
Nasrallah sublinhou:
“As consequências deste assassinato são de grande importância; Em mente, a necessidade de expulsar os Estados Unidos da região ». Isso se deve à seriedade desse incidente, que tem um significado histórico considerável.
Desde o governo de Obama, os americanos inventaram Daesh para executar os seus planos na região e em especial no Iraque, mas agora e depois deste incidente, o governo americano está fazendo de tudo para poder ficar na região.
Lembro-me de algo engraçado sobre isso.
« Naquela época, a mídia do Golfo afirmou que havia uma reunião entre Qassem Soleimani, Bin Laden e eu, e que decidimos juntos criar o Daesh. Embora todos saibam muito bem, incluindo Trump e até Clinton, que foram os Estados Unidos que criaram o Daesh. Tudo para justificar seu retorno a este país depois de ter sido forçado a deixá-lo ».
Observando que, desde o assassinato, os apelos à retirada das tropas americanas se multiplicaram, às manifestações iraquianas após o martírio dos dois chefes comandantes e que foram as mais enormes no Iraque, manifestações que têm exigido em voz alta a retirada das forças americanas. Posteriormente, houve uma votação majoritária no Parlamento iraquiano a favor dessa retirada, bem como das duas mensagens que foram enviadas pelo antigo governo ao comando das forças americanas.
“Este incidente colocou os EUA no caminho para sair da região”, disse ele.
Sobre a punição justa para aqueles que ordenaram e executaram o assassinato dos comandantes martirizados, disse Nasrallah, acredita que cabe aos iranianos por Qassem Soleimani e aos iraquianos por Abu Mahdi e a qualquer pessoa livre que queira que a justiça seja feita.
Finalmente, disse Nasrallah insistiu na necessidade de continuar a luta contra o Daesh, que é objeto de tentativas de ressurreição.
Ele continuou que também era necessário perseverar pela libertação da Palestina e dos lugares sagrados e apoiar o povo palestino ».
Terminou aconselhando aqueles que acreditam que, recorrendo a bloqueios e sanções, farão o Hezbollah curvar-se.
“Os americanos estão fazendo de tudo para colocar o Hezbollah nas listas de terroristas em países que até ninguém conhece ou jamais ouviu falar e, como sempre, é Mike Pompeo quem sai para anunciar isso. Isso faz parte da guerra psicológica que pretende nos dobrar ».
« Na base da nossa cultura, acreditamos sinceramente que tudo está nas mãos de Deus a quem adoramos e de cujos soldados somos. Mesmo que você nos sitie por todos os lados, saiba que não sentimos nada disso. Para nós temos as terras, as montanhas, os vales, os rios, os mares, os sete céus, a tempestade e o raio, o que sentimos sinceramente é que estamos protegidos por Deus ».
Sayed Nasrallah conclui seu discurso: « Quem acredita em Deus nunca se sentirá sitiado. Sua batalha está perdida de antemão. Nem o bloqueio nem as sanções farão o Hezbollah se curvar ou enfraquecer. Quanto mais você nos mata, mais nosso povo vai despertar”.
Source: Al-Manar