Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, na marcha de Quarenta dias do martírio do Imam Hussein, organizada pelo Hezbollah no santuário da Nossa Senhora Khalwa, em Baalbeck.
Redação do site
« Nossos olhos e nossos mísseis estão apontados para o campo contestado de Karish », disse o Secretário-Geral do Hezbollah no sábado, 17 de setembro, durante um discurso por ocasião do Arbaín (40º dia do martírio do Imam Hussein).
Sayed Nasrallah reiterou neste contexto : »Que é impossível autorizar a extração de petróleo e gás de Karish antes que o Líbano obtenha seus direitos », enfatizando que esta é uma « Linha vermelha ».
Em relação à resolução da ONU que modifica o papel da UNIFIL no Líbano, Sayed Nasrallah alertou para os perigos gerados pela decisão de estender as missões das forças da UNIFIL que operam no sul do Líbano, pedindo-lhes que : »respeitem o que anunciaram recentemente sobre a manutenção de suas operações em coordenação com o exército libanês”.
O líder do Hezbollah considerou que : »O desprezível massacre de Sabra e Shatila se assemelhava à imagem de seus autores libaneses colaborando com a entidade sionista, ressaltando que as garantias americanas não poderiam proteger ninguém ».
Sayed Nasrallah saudou ainda a juventude palestina, especialmente os rapazes e moças da Cisjordânia, por seu compromisso com o caminho da resistência, sua coragem, seu espírito de mártir e sua presença no terreno, enfatizando que todos os honrados e oprimidos do mundo estão apostando em sua vitória contra o inimigo israelense.
Sayed Nasrallah também saudou a declaração do movimento Hamas sobre a restauração das relações com a Síria.
Os principais pontos de seu discurso:
Que Deus aumente suas recompensas por sua grande presença nesta ocasião em que relembramos o drama do Imam Hussein, que a paz esteja com ele e sua sagrada família.
Neste dia, recordamos as posições firmes do Imam Zein al-Abidine e Nossa Senhora Zeinab no palácio de Yazid. Aprendemos com essas posições que um crente não pode ser enfraquecido, humilhado ou mostrar qualquer sinal de submissão.
Zeinab (neta do profeta Maomé) foi uma oradora corajosa durante seu cativeiro. É a mulher cativa cujos irmãos, filhos e sobrinhos foram todos mortos na batalha de Karbala. Mas, apesar de todas essas difíceis circunstâncias, ela fez um discurso muito importante e duro na frente de Yazid, que colocou a cabeça de seu irmão Imam Hussein, na frente dele.
Uma das lições mais importantes dos dias do Arbain é que o crente, quaisquer que sejam as calamidades e circunstâncias difíceis que enfrente, não pode ser enfraquecido ou subjugado. Ele não pode se desesperar ou perder a esperança porque confia em Deus e em sua promessa.
O que aprendemos nos dias de hoje, com Zeinab, que a paz esteja com ela, é que não há espaço para recuo, nem humilhação, muito menos para fraqueza.
Encontro histórico e inédito ignorado pela mídia
Hoje, por exemplo, assistimos à marcha do Arbaín, que é o maior encontro popular do mundo.
Mais de 20 milhões de visitantes no Iraque e de mais de 80 países estrangeiros convergem em Karbala para o túmulo de um homem morto há mais de 1400 anos sedento e estrangeiro. Isso parece um milagre.
Vinte milhões de visitantes significam que 20 milhões de corações batem com amor e anseio por Hussein, que a paz esteja com ele.
Nessa época os autores do Mawakeb (grupos de organizadores) trabalham dia e noite para atender os visitantes. Todos esses serviços (alimentos, água, moradia etc.) não são financiados pelo estados ou organizações, mas pelo dinheiro economizado pelos pobres e generosos iraquianos.
Este é um fenômeno histórico e está claro como é ignorado pela mídia internacional.
Nesta ocasião, endereçamos nossos agradecimentos ao povo iraquiano por sua grande hospitalidade, amor e generosidade para com todos os fiéis.
Sabra e Shatila refletem sua verdadeira cultura
Entre as ocasiões do mês de setembro, gostaria de mencionar o hediondo massacre de Sabra e Shatila, ocorrido nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 1982. O inimigo israelense patrocinou esse massacre, mas os principais perpetradores pertenciam aos partidos libaneses conhecidos (Kataeb e Forças Libanesas). Este último colaborou militarmente com o inimigo israelense durante a invasão do Líbano em 1982.
1.900 mártires libaneses, cerca de 3.500 mártires palestinos e entre 300 e 500 desaparecidos, tal é o registro desse maior e mais desprezível massacre cometido desde a criação da entidade sionista. Além disso, os assassinos ficaram impunes.
A maioria dos mártires eram civis assassinados em suas casas. Até mulheres grávidas foram esfaqueadas.
O massacre de Sabra e Shatila faz parte da cultura do inimigo. Faz parte do como queriam o Líbano e do que suas mãos fizeram, e reflete sua verdadeira imagem.
Aqueles que cometeram o massacre de Sabra e Shatila representam a cultura da morte, enquanto aqueles que libertaram o sul em 2000 (Hezbollah), e entraram nas áreas libertadas sem matar uma galinha, representam a cultura da vida.
As garantias dos EUA não protegem ninguém
Gostaria também de mencionar o massacre de 13 de setembro de 1993 que custou a vida de nove manifestantes: duas mulheres e sete homens.
Qual é o crime deles? Apenas estavam se manifestando na estrada do aeroporto contra o acordo de Oslo.
Hoje o povo palestino em Gaza, Cisjordânia, AlQuds e na Diáspora, está convencido de que o processo de negociações não terá sucesso, e o único caminho útil é o da resistência e luta.
As garantias americanas não protegeram os libaneses ou os palestinos durante o massacre de Sabra e Shatila ou outros.
Quem aceita as garantias americanas e entrega essas armas é como quem concorda em entregar os pescoços de seus homens, mulheres, crianças e fetos para serem decapitados.
Toda a honrosa aposta na juventude na Cisjordânia
O problema que o inimigo enfrenta hoje na Palestina uma lutando contra a geração de jovens palestinos que ele subestimou, apostando que eles não passam de uma geração da internet e do Facebook.
Neste dia de Arbaín, estendemos nossas mais calorosas saudações à juventude palestina em geral e aos rapazes e moças da Cisjordânia em particular. Expressamos a eles nosso apreço e respeito por sua recusa à humilhação e por sua coragem. Bem como pelo seu compromisso com a sua causa e pela sua presença no terreno. Todos os honrados e oprimidos do mundo estão apostando em sua vitória sobre o inimigo israelense.
A Síria foi e continuará sendo o verdadeiro apoio à Palestina
A recente declaração dos nossos irmãos do movimento Hamas sobre a restauração das relações com a Síria é uma posição muito avançada.
A Síria sempre foi e continuará sendo o verdadeiro apoio à Palestina, AlQuds e ao povo palestino. A Síria, com a qual as relações devem ser fortalecidas por todos, sempre foi um verdadeiro apoio à Resistência.
A resistência é a única maneira de restaurar nossos direitos, não mendigando. O que queremos hoje em nossa região é que todas as forças da resistência se unam.
A resistência é a única esperança para libaneses, palestinos e sírios de recuperar suas terras, petróleo, gás e dignidade de uma posição de força, orgulho e dignidade.
Os mísseis apontados para Karish
O Líbano enfrenta uma oportunidade de ouro que pode não voltar a acontecer e que permitirá travar a sua crise econômica e social.
Não podemos permitir a extração de petróleo e gás do campo de Karish antes que o Líbano obtenha seus direitos legítimos.
Os líderes sionistas haviam declarado que a extração de Karish ocorreria em setembro, razão pela qual nosso ultimato foi marcado para setembro. Mas eles adiaram para outubro. O importante é que nenhuma extração do campo Karish ocorra antes que o Líbano obtenha suas reivindicações legítimas.
Começar a extrair gás de Karish significa passar dos limites para nós. Portanto, enviamos, nesse sentido, uma mensagem longe da mídia: Que haverá um confronto real no caso de início da extração.
Nosso objetivo é que o Líbano consiga extrair seu petróleo e gás, e essa questão não está vinculada a nenhum outro arquivo.
Nenhuma das ameaças inimigas nos afeta ou toca num fio das nossas barbas. Demos uma chance às negociações sérias que foram retomadas, mas nossos olhos e nossos mísseis continuam voltados para Karish.
UNIFIL: O responsável é ignorante ou conspirador
A última resolução da ONU sobre a modificação da missão da UNIFIL constitui uma agressão e uma violação sobre a soberania libanesa, e reflete a frouxidão juntamente com a ausência do Estado.
Esta é uma armadilha armada pelo inimigo israelense há longo tempo.
O oficial libanês que não considerou esta resolução é ignorante ou um conspirador. Porque esta decisão abre a porta a grandes perigos na zona a sul do rio Litani e trará graves consequências para o nosso país.
Se as forças da UNIFIL querem agir independentemente do estado e do exército libanês, então empurram as coisas para o que não é do seu interesse. Exorto-os a respeitar o que anunciaram recentemente sobre a manutenção de suas operações em coordenação com o exército libanês.
Formação de um governo para não entrar no caos
Esperamos a formação de um governo, a fim de evitar entrar no caos. Todos os partidos são chamados a fazer concessões e trabalhar honestamente para formar um governo nos próximos dias.
Ressaltamos ainda a importância de prosseguir com a eleição presidencial dentro dos prazos constitucionais. E apoiamos pedidos de consenso sobre o nome de um presidente.
Relativamente à doação de óleo combustível iraniano, uma delegação deve deslocar-se para o Irã, a fim de obter assistência para aumentar as horas de fornecimento de energia elétrica no Líbano.
Arquivo bancário: Processamento de segurança insuficiente
Quanto à questão dos bancos (que se abstêm de devolver o seu dinheiro aos depositantes), não basta tratar esta questão apenas do ponto de vista da segurança, mas é necessário criar uma verdadeira unidade de crise para alcançar soluções reais a este problema.
Quaisquer que sejam as dificuldades que nos cercam, nossa confiança em Deus é muito grande, e devemos trabalhar e enfrentar os desafios.
FIM
Fonte: AL Manar