Redação do site
O Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, discursou na terça-feira, 08 junho na ocasião do 30º aniversário da rede de televisão Al Manar.
Os principais pontos de seu discurso:
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos os irmãos e irmãs, bem como a todas as famílias que expressaram seu amor e simpatia após meu último discurso (25 de maio de 2021), durante o qual estive doente. Asseguro a vocês que estou bem e realizaremos o sonho que oramos juntos na mesquita de Al-Aqsa.
A rede Al Manar foi fundada há 30 anos em 04 de junho de 1991 por ocasião do 2º aniversário da morte do Imã Khomeini, que reavivou o espírito da revolução em nossa região. Este Canal foi fundado pelos seguidores e alunos de Khomeini, incluindo Sayyed Issa Tabtabai à sua frente, com o objetivo de ser a voz da Resistência.
Nesta ocasião, gostaria de agradecer à Sayyed Issa e a todos que seguiram sua linha e desdobraram seus esforços para desenvolver este Canal.
A rede foi a voz da resistência e da libertação (do sul do Líbano) em 2000. Não foi fundada para lucro e competição, mas é o apoio a uma causa de sacrifícios em 2006 durante a destruição de sua sede por um bombardeio israelense.
Este canal transmite e representa a voz dos mártires e das suas famílias, dos detidos e dos sorrisos das pessoas que saíram vitoriosas perante o inimigo.
Cumpriu o propósito para o qual foi criado, apesar de falta de equipamentos e profissionais, além disso, o canal introduziu mártires neste caminho.
Após a vitória de 2000 oferecida aos palestinos, o Al Manar influenciou o povo palestino, que poucos meses depois desencadeou a intifada.
Equação de Al Quds
Em 28 de setembro de 2000, o Al Manar tornou-se um canal via satélite com o objetivo de cobrir eventos na Palestina.
O que acontece na Palestina e na Mesquita de Al-Aqsa é responsabilidade de toda a nação e não apenas do povo palestino, pois estamos enfrentando um inimigo em comum problemático e estúpido.
Netanyahu pode recorrer à estupidez no nível palestino e em relação à energia nuclear iraniana para quebrar seu impasse.
Os palestinos em Al Quds, na Cisjordânia e nos territórios ocupados em 1948 relataram um compromisso sem precedentes com a proteção de Al Quds e locais sagrados. Nós (do Eixo da Resistência) estamos trabalhando seriamente para chegar a uma equação regional segundo a qual qualquer agressão contra Al Quds levará a uma guerra regional.
A primeira resposta veio do líder do movimento de resistência iemenita Ansarullah, Sayyed Abed Al Malek Al Houthi, dizendo que seu movimento está pronto para fazer parte dessas equações regionais, por isso, estamos em discussão com as outras facções da resistência para impor essa equação.
Em 2006, durante a agressão EUA-Israel contra o Líbano com o objetivo de criar um novo Oriente Médio, o Al Manar resistiu corajosamente, quando sua sede foi destruída, e dois minutos depois, conseguiu transmitir por outro local.
Al Manar participou ao lado dos combatentes durante a guerra e nos períodos subsequentes. Naquela época, o Hezbollah e seus aliados enfrentaram um desafio: o inimigo israelense reconheceu sua derrota e iniciou uma investigação para aprender com seu fracasso. Mas, apesar disso, houve alguns no Líbano que falaram da vitória do inimigo.
No início da agressão americano-saudita contra o Iêmen em março de 2015, houve um apagão total dos noticiários dessa guerra na mídia.
O Al Manar estava então presente apenas em satélites árabes. Os israelenses trabalharam para banir a presença do Al Manar nos satélites europeus sob o pretexto do antissemitismo.
Al Manar foi banido dos satélites árabes
Posteriormente, a transmissão da rede foi apagada em Arabsat e Nilesat. O principal motivo apresentado: sua posição ao lado do Iêmen. As negociações para a continuação da presença do canal não chegaram a resultado nenhum, pois os pedidos exigiram a não mencionar o Iêmen e a isso que Al Manar recusou. Eles não querem luz sobre os massacres contra os iemenitas. Temos orgulho de ajudar a apoiar o povo oprimido do Iêmen.
Desde o primeiro dia, apostamos na Resistência e na vitória do povo e lutadores iemenitas.
Grandes mentirosos americanos
Hoje enfrentamos um amargo fracasso do eixo saudita-americano, que busca uma saída para conseguir nas negociações políticas o que não conseguiu no terreno. Por isso os americanos e sauditas recorrem à pressão econômica e à manutenção do bloqueio no Iêmen. Os Estados Unidos, que se apresentam como mediadores para acabar com esta guerra estão mentindo e enganando a opinião pública mundial. Os americanos aprovam o bloqueio e querem negociações sob a influência de sanções e da falta de alimentos para pressionar o lado político.
Há poucos dias, os americanos declararam Ansarullah responsável pela continuação da guerra no Iêmen. Isso é uma pura mentira de acusações infundadas. Os iemenitas exigem o levantamento do bloqueio antes de participar das negociações.
Em 2011, no início dos acontecimentos na Síria e no Iraque, a situação era delicada, pois desta vez havia um novo projeto dos Estados Unidos coberto pelo islamismo, o Daesh. O Al Manar e a mídia da Resistência trabalharam arduamente para discernir o certo do errado. Al Manar também contou com mártires ao cobrir as vitórias contra os takfiristas e assumiu a responsabilidade por essa batalha.
Não ao adiamento das eleições legislativas
Ao nível local, Al Manar garantiu a credibilidade na cobertura de eventos e na batalha contra a corrupção e conflitos políticos que surgiram desde 2000 e após o martírio do ex-Primeiro Ministro Rafic Hariri.
Há semanas que falamos sobre o perigo de adiar as eleições legislativas e alguns países europeus manifestaram a sua preocupação. Alguns acusam a maioria parlamentar de querer adiar essas eleições. As eleições legislativas devem ocorrer na hora marcada, sejam quais forem as circunstâncias.
Também somos contra uma ação legislativa antecipada. É uma forma de perder tempo e desviar a atenção das pessoas dos grandes prazos econômicos. Em vez de falar em eleições antecipadas, os responsáveis tem que assumir a responsabilidade e formarem o governo.
Nada de crucial mudará no nível político até que as eleições legislativas antecipadas sejam organizadas.
Apoiamos os esforços empreendidos para a formação de um governo. Devemos ouvir as vozes do povo e agir para aliviar a tristeza das pessoas que sofrem com a escassez de gasolina, óleo combustível, remédios e alimentos.
Apoiamos os esforços do Presidente do Parlamento, Nabih Berry, para o estabelecimento do gabinete. Não devemos estabelecer prazos e não nos desesperar. A crise socioeconômica que vivemos tem várias razões. Há um acúmulo de fatores que levaram a esta crise.
As acusações contra o nosso partido e o Hezbollah é o responsável pela atual crise socioeconômica e financeira são retóricas americanas e israelenses.
Declarar guerra aos monopolistas
Os ministros nos apresentaram evidências confirmando que não há escassez de remédios, combustível e alimentos. A escassez deve-se às práticas criminosas de alguns grandes comerciantes que monopolizam estes produtos e os escondem em armazéns, enquanto aguardam o aumento dos preços na sequência do levantamento dos subsídios.
O Estado deve agir e fazer buscas nesses armazéns para confiscar todos os produtos que ali estão escondidos e incitar os monopolistas nas prisões.
Os nomes desses monopolistas são conhecidos e vagam livremente e gozam de proteções políticas e religiosas.
Estamos prontos para apoiar o estado para acabar com tudo isso. Vinte mil voluntários estão prontos para lutar contra esses monopolistas, que o atual governo deve declarar guerra contra eles.
Devemos tratar os sintomas desta crise para reduzir o sofrimento das pessoas. O profeta Mohammad (S) descreveu como traidor e amaldiçoou os monopolistas, que serão tratados por Deus no Dia do Juízo no mesmo nível que os criminosos.
Despachar navios de combustível do Irã
Precisamos de uma decisão política corajosa para não ter medo dos americanos. Repito o que havia proposto sobre a compra de combustível do Irã em liras libanesas. Toda esta humilhação sofrida pelos libaneses exige uma decisão corajosa a ser tomada e não capitular as ameaças (de sanções) dos EUA.
Se o Estado não agir e não assumir mais suas responsabilidades, nós, do Hezbollah, iremos ao Irã para negociar com o governo iraniano e comprar navios de gasolina e óleo combustível e despachá-los para o Porto de Beirute. Que alguém se atreva a impedir o fornecimento de gasolina e óleo combustível ao povo libanês.
Não podemos mais tolerar essas cenas de humilhação nos postos de gasolina.
Cartão de Financiamento
Por último, uma das razões pelas quais o próximo governo ainda não viu a luz do dia, é que os funcionários não desejam assumir a responsabilidade pelo levantamento dos subsídios concedidos pelo Banco do Líbano.
Os dirigentes aguardam que este levantamento dos subsídios seja necessário por si próprio devido ao esgotamento das reservas externas do BDL, para depois constituir o seu gabinete.
A aprovação do cartão de arrecadação de fundos pelo Parlamento ajudará a aliviar o sofrimento de 750.000 famílias. Apoiamos o projeto deste cartão.
A formação de um novo governo abrirá caminho para a resolução da crise, já que o gabinete ministerial representa o poder executivo do país.
Caso contrário, isso implica que não há Estado e requer que outras medidas sejam tomadas.
Por fim, esperamos que o Al-Manar continue a cobrir novas vitórias neste período de triunfo.
Source: AlManar