Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, sobre os últimos desenvolvimentos políticos nacionais, regionais e internacionais, em memória do Dia dos Feridos da Resistência, na tarde da terça feira dia 08 de março de 2022
Redação do site
« A cada dia fica claro que confiar nos americanos é uma questão de estupidez, tolice, ignorância e descaso com os interesses da nação, da pátria e do povo », avisou na terça-feira, 08 de março, o Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, durante um discurso em memória do dia dos feridos da Resistência.
Nasrallah também pediu lições a serem aprendidas com os eventos que se desenrolam na Ucrânia. « Os EUA e os britânicos empurraram a Ucrânia para a guerra », afirmou.
O chefe do Hezbollah também pediu aos líderes libaneses que não se submetam aos ditames dos EUA e se comportem como senhores e não como escravos diante dos americanos.
Sayed Nasrallah neste contexto criticou a posição oficial do Líbano que condenou a operação russa na Ucrânia, afirmando que o comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores do Líbano foi enviado à Embaixada dos Estados Unidos em Beirute onde mandou para ser mais dura com a Rússia.
Os principais pontos de seu discurso:
Em primeiro lugar, gostaria de apresentar meus parabéns aos muçulmanos por ocasião do mês de Chaaban, o mês do Profeta Mohamed (S) e os aniversários do neto do Profeta Mohamed (S), Imam Hussein(as) (03 do Chaaban), bem como seu irmão Al-Abbas Ben Ali (04 do Chaaban) e seu filho Ali Ben al-Hussein (05 do Chaaban).
Gostaria de saudar os combatentes feridos, guiados pelo líder Sayed Ali Khamenei (também um dos feridos), e expressar nosso orgulho por seus sacrifícios, paciência, determinação e agradecer a Deus pela segurança, paz e estabilidade que desfrutamos graças a sua dedicação.
Rússia e Ucrânia
Fatos muito importantes dos quais devemos aprender lições.
O enviado dos EUA à ONU ameaçou acusar a Rússia de crime de guerra para cada bombardeio contra civis. Porém, este enviado nunca mencionou, em qualquer momento, alguma coisa sobre os massacres cometidos pelos EUA em Hiroshima, Iraque ou Afeganistão. Dezenas de milhares de civis foram mortos nestes países, o pior, quando bombardiavam casamentos transformado-os em banhos de sangue, sob o pretexto de que os aviões dos EUA estavam atacando centros de treinamento militar.
E os crimes sionistas na Palestina por 70 anos? E o bloqueio israelense contra Gaza, que remonta há 15 anos.
E os massacres sauditas-americanas contra o Iêmen, dezenas de milhares de civis mortos, além de um bloqueio de sete anos? Infelizmente, essa população não é branca e de olhos azuis!
Há um silêncio total. No entanto, este não é o caso de algumas cidades ucranianas que estão sitiadas há vários dias. Mas mesmo esses são brancos, com certeza vão sendo explorados pelos EUA para atingir seu objetivo.
Em vez de ameaçar a Rússia, processe os EUA, os britânicos e os europeus pelos crimes que cometeram na Argélia, Líbia, Paquistão, entre outros. Na sexta-feira passada, os takfiristas, que são as ferramentas da CIA, realizaram ataques suicidas em uma mesquita no Paquistão.
Os padrões dos EUA não estão sujeitos à lei, tudo depende no seu interesse político e a exigência do caso, assim, condenam, apoiam, defendam ‘Israel’ e o derramamento de sangue.
Confiar nos EUA é estúpidez
A cada dia fica claro que confiar nos americanos é uma questão de estupidez, tolice, ignorância e negligência dos interesses da nação, da pátria e do povo.
Há alguns meses, todos viveram a experiência da retirada dos EUA do Afeganistão. A imagem do avião ao quais os afegãos estavam presos está sempre em mente.
O presidente Afegão que fugiu de seu país, Asraf Ghani, disse mais tarde que « seu erro foi ter confiado nos Estados Unidos e em seus aliados internacionais ». Disse-lhe que é proibido sentar-se com os talibans, ao passo para eles é permitido.
Hoje, todos sabem que os EUA e o Reino Unido em particular empurraram a Ucrânia para a boca do dragão e para a guerra. A Alemanha estava relutante e a França mais ou menos.
Hoje podemos ouvir o presidente ucraniano, seu primeiro-ministro e seu ministro das Relações Exteriores reclamando e expressando seu desespero:
« Eles nos deixaram para lutar sozinhos ».
« Eles não enviarão nenhum de seus soldados ou aviões para a Ucrânia. Esta é uma lição para quem aposta nos EUA ».
« Mesmo ao pedido de imposição de zona de exclusão, responderam que não podiam fazer isso e cabe a nós lutar, e eles vão impor sanções e um embargo contra a Rússia ».
Por isso, veremos agora o presidente ucraniano descer da árvore e concordar em negociar certas propostas russas, a menos que eles o deixem. Zelensky sabia que aqueles que lhe haviam prometido o haviam abandonado no meio da estrada.
Queda da moralidade no Ocidente
Podemos ver como o Ocidente tratou os refugiados negros, asiáticos ou muçulmanos que fugiram da Ucrânia que fazem parte da sua população, indicando uma queda de sua moralidade.
A submissão aos ditames dos EUA não salvará o Líbano
Digo às autoridades libanesas, às forças políticas e à população: « A submissão aos ditames dos EUA não salvará o Líbano, mas apenas aumentará seus infortúnios. Se você quer satisfazer os EUA, não pode. Seus requisitos não têm limites. Não é assim que as coisas funcionam. Aprenda com as experiências de outros países. Por outro lado, o que você ganhou em troca dessa submissão aos seus ditames »?
O Líbano oficial votou na ONU a favor dos Estados Unidos, porém, poderia ter evitado fazê-lo, porque é aí que reside o interesse do Líbano.
O que estamos pedindo aos oficiais libaneses é que digam aos americanos que não somos seus escravos. É aí que reside o verdadeiro patriotismo, soberania e independência.
E então, antes desta votação, o comunicado oficial do Ministério de Relações Exteriores do Líbano sobre a Rússia e a Ucrânia foi enviado à Embaixada dos Estados Unidos em Beirute, que mudou para um discurso mais duro com a Rússia. A declaração foi escrita então pela Embaixada dos EUA. Este é um ato soberano e independente?
No passado, certos partidos (pró-EUA) convocavam o governo à neutralidade. Que neutralidade é essa? Quando o Estado se posicionou a favor dos EUA, todos ficaram em silêncio.
O Hezbollah não está com a política de neutralidade. Há situações que exigem que você levante a voz, outras que se abstenham.
Todas as palavras que alguns defenderam sobre neutralidade e distanciamento são apenas pretextos para libertar-se de suas responsabilidades humanitárias, religiosas e nacionais.
Nomeadamente as responsabilidades para com o conflito árabe-israelense, para com os refugiados palestinos, a guerra universal contra a Síria, a agressão contra o povo árabe no Iêmen.
Para eles, neutralidade significa não ter problemas com a Arábia Saudita e os EUA.
Aqui está uma prova da mentira brandida por alguns sobre a hegemonia do Hezbollah na decisão do Estado libanês. Este é um slogan eleitoral falso: Vote contra a hegemonia do Hezbollah.
Se o Hezbollah realmente dominasse a decisão do estado libanês, o Líbano teria emitido tal comunicado e enviado à embaixada americana para modificá-lo? O Líbano teria votado na ONU a favor dos EUA?
Para que você está fazendo tudo isso? O que você espera dos EUA?
Gás do Egito e eletricidade da Jordânia, como o embaixador americano lhe prometeu?
Quero lhe dar uma informação confiável, o Departamento de Estado dos EUA até agora não apresentou nenhum documento escrito protegendo a Jordânia e o Egito das sanções do Cezar, pela passagem de eletricidade e gás pela Síria.
Até agora, tudo o que o Embaixador dos EUA disse sobre eletricidade é mentira e engano.
Ouça esta história
À medida que os preços do petróleo sobem, ouça esta história.
Durante um ano e meio, quando conversamos com o leste (para diminuir a crise no Líbano), muitas empresas chinesas e russas apresentaram ofertas ao Líbano. Mas a resposta do Líbano a essas ofertas foi negativa, por medo dos EUA.
Uma petroleira russa negociou com o governo passado e atual uma oferta para instalar uma refinaria em qualquer lugar do Líbano, sem pedir garantias, que atenderá a todas as necessidades do Líbano em derivados de petróleo.
Graças a esta refinaria, o Líbano poderá produzir 150 mil barris por dia em seis meses e se tornará um exportador de derivas de petróleo. Além disso, esta transação é em moeda Libanesa.
Após um ano e meio de negociações, o Líbano ainda não deu uma resposta.
Por que você não aceita tal oferta que é do interesse do Líbano? Na verdade, é a Embaixada dos EUA que está por trás da recusa do Líbano.
Com essa mentalidade, não conseguiremos salvar o Líbano e resolver as crises relacionadas à eletricidade, petróleo e outras.
Os EUA sancionam, proíbem e não aceitam alternativas.
De que hegemonia do Hezbollah sobre o estado você está falando? Se o Hezbollah dominasse a tomada de decisões no Líbano, esta refinaria, uma refinaria de petróleo que produz 160.000 barris de petróleo bruto, estaria em funcionamento há um ano e meio. E o Líbano teria se tornado presunçoso e exportador, com o conhecimento e à vista da Embaixada norte-americana, que nada vale para o interesse do povo libanês.
A partir daí, exorto Sua Excelência o Presidente da República e o Primeiro-Ministro a assumirem as suas responsabilidades e a aceitarem a oferta russa capaz de resolver a crise em seis meses, sem necessidade de pagar um tostão.
A crise do trigo e do petróleo reapareceu e os monopólios se ativaram nos mercados, razão pela qual apelamos ao Estado e aos serviços de segurança para que usem a força para impedir o monopólio, prender os culpados. Caso contrário, o país vai ficar atolado em problemas se nada for feito.
Apelamos às autoridades para que não se submetam aos ditames americanos, não sejam seus escravos, sejam os senhores e tomem a decisão que atende aos interesses de seu povo.
Pedimos aos responsáveis que tenham um mínimo de liberdade, independência, patriotismo e pensem nos interesses do país.
FIM
Source: Al-Manar